Agência de notícias
Publicado em 16 de setembro de 2025 às 13h59.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou como "preocupante" o assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes, ocorrido na noite de segunda-feira em Praia Grande, no litoral de Sul do Estado.
Ele também afirmou nesta terça que ligou para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para prestar "solidariedade pessoal" e oferecer ajuda do governo federal nas apurações sobre o homicídio.
— Muito nos preocupa. Foi um assassinato brutal e nos mostra o nível de violência que grassa aqui no Brasil e em outros países — disse o ministro da Justiça ao chegar à sessão na comissão especial da Câmara dos Deputados que discute a PEC da Segurança Pública.
— Liguei ao governador prestando a minha solidariedade pessoal. Nós nos colocamos à disposição do Estado, principalmente no que diz respeito à Polícia Científica, com [banco de dados de] DNA, balística, informações. As investigações estão em aberto, não temos nada de concreto ainda. Com certeza elas serão bem conduzidas pela Polícia Civil de São Paulo — complementou o ministro, dizendo que o governo federal atuará "neste momento" como "coadjuvante" nas investigações.
— Nós estamos à inteira disposição como coadjuvantes — disse Lewandowski durante a sessão na Câmara, que realizou um minuto de silêncio em homenagem ao ex-delegado.
O ex-delegado foi executado a tiros enquanto dirigia pelas ruas de Praia Grande. Imagens do crime mostram o carro de Fontes fugindo de uma perseguição em alta velocidade, quando se choca com um ônibus e capota. Neste momento, homens fortemente armados descem de outro veículo e atiram contra a vítima.
Em 25 de agosto, Fontes afirmou ao GLOBO que temia por sua segurança e estava "sozinho" na cidade litorânea, sem contar com nenhuma proteção do Estado. A declaração foi dada durante uma longa entrevista para um podcast, ainda em produção, da rádio CBN e do jornal O GLOBO.
Aos 63 anos, ele estava aposentado da Polícia Civil e atuava como secretário de Administração de Praia Grande desde janeiro de 2023.
— Eu tenho proteção de quem? Eu moro sozinho, eu vivo sozinho na Praia Grande, que é no meio deles. Pra mim é muito difícil. Se eu fosse um policial da ativa, eu tava pouco me importando, teria estrutura para me defender, hoje não tenho estrutura nenhuma — afirmou.
O GLOBO apurou que, além de uma ameaça de morte mais antiga, Fontes foi citado por criminosos do PCC na mesma ocasião em que a facção jurou de morte o ex-juiz e senador Sérgio Moro e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Ministério Público de São Paulo. O nome de Fontes, entretanto, não se tornou público. Ele foi avisado pessoalmente que era um dos alvos, mas a informação ficou apenas no âmbito da inteligência do MP. O plano de execução foi descoberto pela Polícia Federal, que deflagrou uma operação para desmobilizar o crime em março de 2023.
Ele foi delegado-geral de São Paulo entre 2019 e 2022. Comandou divisões como Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes (Denarc) e Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), além de dirigir o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).