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Lula anuncia nesta semana pacote de ajuda a setores atingidos por tarifas de Trump

Segundo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), as medidas devem ser anunciadas entre segunda a terça-feira

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 06h00.

Última atualização em 11 de agosto de 2025 às 06h06.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciará nesta semana o pacote de socorro para setores afetados pela tarifa de importação de 50% dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros.

Segundo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), as medidas devem ser anunciadas entre segunda a terça-feira.

A agenda de Lula desta segunda-feira, 11, prevê uma reunião com Alckmin para discutir o tema.

A gestão petista ainda não detalhou as medidas, mas Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já indicaram nas últimas semanas que o socorro deve contemplar linhas de crédito com juros subsidiados, adiamento das cobranças de tributos e contribuições federais e compras públicas de mercadorias perecíveis.

O objetivo do governo é ajudar os setores considerados mais vulneráveis de forma mais especial. Produtos como café, manga e carne ficaram de fora da lista de isenções e devem ter atenção do governo.

A avaliação é que alguns setores exigem maior atenção, principalmente pelo impacto no mercado de trabalho nas regiões dependentes da produção, mais do que pelo efeito macroeconômico no país.

Em relação a compra de alimentos que perderiam mercado nos Estados Unidos, Haddad afirmou que a ideia seria direcionar a produção para programas de segurança alimentar e nutricional, como a merenda escolar, evitando prejuízos imediatos a empresas e produtores.

No caso das linhas de crédito, como a EXAME mostrou, bancos públicos, como Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco do Nordeste, o Banco da Amazônia, o Banco do Brasil e a Caixa, devem oferecer aos clientes pessoa jurídica linhas de crédito específicas para empresas afetadas pelo tarifaço.

As conversas preliminares apontavam a oferta de R$ 30 bilhões a R$ 50 bilhões em crédito para as empresas.

Nas últimas semanas, Haddad negou que o plano de contingência envolva recursos fora da meta fiscal. O ministro não detalhou o custo dessas medidas, mas ressaltou que, além do uso das despesas primárias do Orçamento, o governo pode criar linhas de crédito alternativas para os setores afetados.

Em paralelo ao plano de contingência, o governo trabalhará com os setores afetados para redirecionar a exportação de produtos, como o café e a carne, para outros países.

A avaliação da gestão petista é que a economia brasileira se tornou menos dependente dos Estados Unidos ao longo dos anos, em razão da diversificação das parcerias comerciais e das exportações, o que facilita o envio dessas commodities para outros mercados.

Tarifas de Trump contra o Brasil

A tarifa de importação dos Estados Unidos contra produtos brasileiros, de 50%, entrou em vigor no último dia 6 de agosto.

A medida foi anunciada em 30 de julho pela Casa Branca e oficializada por uma ordem executiva. No documento, o presidente Donald Trump relaciona as tarifas aos processos na Justiça brasileira contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e contra empresas de tecnologia americanas, e pede que elas sejam extintas.

A medida, no entanto, isenta uma série de produtos que o Brasil exporta aos EUA, incluindo suco de laranja, minérios, aeronaves e petróleo. A lista completa soma 694 itens.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços estima que, do total de US$ 40,4 bilhões em exportações, US$ 14,5 bilhões (ou 35,9%) estarão sujeitos à tarifa adicional de 50%.

Analistas projetam um impacto negativo de 0,13% a 0,6% no PIB em 2025, mas perda de até 146 mil postos de trabalho, formais e informais, em todo o país ao longo de dois anos.

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