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Lula critica suspensão de visto de secretário ligado ao 'Mais Médicos' por Trump

Presidente brasileiro afirmou que decisão dos EUA contra Mozart Sales está ligada à relação com Cuba

Lula: presidente da República afirmou que Donald Trump não pode ser visto como um 'imperador'.  (Ricardo Stuckert/PR)

Lula: presidente da República afirmou que Donald Trump não pode ser visto como um 'imperador'. (Ricardo Stuckert/PR)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 15 de agosto de 2025 às 07h07.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira a suspensão do visto americano de Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde. A medida foi anunciada um dia antes pelo Secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, em razão da formulação do programa Mais Médicos.

A iniciativa é vista pelo governo de Donald Trump como um "esquema coercitivo de exportação de mão de obra do regime cubano, que explora trabalhadores médicos por meio de trabalho forçado". Lula também defendeu o fim do embargo econômico dos Estados Unidos contra Cuba.

Mais Médicos e relação com Cuba

Mozart é conhecido no governo como o "pai do Mais Médicos", programa lançado no governo Dilma Rousseff em 2013 para ampliar o acesso a médicos em áreas remotas por meio de parcerias com o governo cubano. A iniciativa, que foi revogada durante o governo de Jair Bolsonaro, foi relançada por Lula em 2023.

O programa enfrenta resistência de órgãos da classe médica no Brasil, mas já recebeu elogios em relatório da ONU sobre cooperação internacional Sul-Sul na área da saúde.

“Quero dizer para os companheiros cubanos que o fato de eles cassarem (o visto americano do) Mozart foi por causa de Cuba. Porque tinham ido a Cuba. É importante eles (os americanos) saberem que a nossa relação com Cuba é de respeito. É um povo que está sendo vítima de um bloqueio a 70 anos. Hoje estão passando necessidade. É um bloqueio sem nenhuma razão. Os Estados Unidos fizeram uma guerra e perderam. Aceitem que perderam e deixem os cubanos viverem em paz, deixem viverem a vida. Ele (Donald Trump) não é imperador, gente”, afirmou Lula em discurso durante inauguração de uma fábrica da Hemobrás em Goiana, Pernambuco.

Embargo e tensões diplomáticas

O chamado bloqueio dos Estados Unidos a Cuba é, na realidade, um conjunto de sanções econômicas impostas ao regime cubano desde 1962, em meio à Guerra Fria. Apesar de ter sido flexibilizado durante o governo de Barack Obama, na década passada, ele ainda se mantém.

A suspensão, pelo governo de Donald Trump, de vistos de brasileiros ligados ao Mais Médicos ocorre em meio a uma escalada ideológica do republicano contra o governo brasileiro. Essa ofensiva inclui tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras, cassação de vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal e inclusão do ministro Alexandre de Moraes na lista de sancionados da Lei Magnitsky, que prevê bloqueio de bens nos Estados Unidos.

Todas essas medidas anteriores tiveram como justificativa o que Donald Trump chama de perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro pela Justiça brasileira, algo que o governo americano considera um atentado aos direitos humanos — embora o Brasil seja considerado por especialistas uma democracia plena, com separação de poderes e Judiciário independente.

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