Brasil

Maracanã precisava da reforma, diz Zico

"Do Maracanã mesmo só ficou no mesmo lugar e com a mesma parte de fora", disse o artilheiro do estádio

Zico: "a perda da capacidade é uma consequência quando se precisa aumentar a segurança para o próprio torcedor, especialmente num estádio que foi construído há muito tempo." (Kiyoshi Ota/Getty Images)

Zico: "a perda da capacidade é uma consequência quando se precisa aumentar a segurança para o próprio torcedor, especialmente num estádio que foi construído há muito tempo." (Kiyoshi Ota/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2013 às 16h23.

Rio de Janeiro - Alguns dos momentos mais marcantes da carreira de Zico foram vividos no Maracanã. O maior ídolo da história do Flamengo conquistou vários títulos e marcou mais gols do que qualquer outro jogador no estádio considerado o templo do futebol brasileiro.

Apesar da inegável ligação sentimental com o estádio, onde entrou pela primeira vez aos 8 anos como torcedor, Zico defendeu a polêmica reforma completa para a Copa do Mundo de 2014, que resultou num Maracanã bem menor e completamente diferente daquele onde o ex-jogador brilhou tantas vezes dentro de campo.

"O estádio está muito bonito, mas por dentro é um outro estádio, totalmente diferente do antigo Maracanã. Do Maracanã mesmo só ficou no mesmo lugar e com a mesma parte de fora. Quem vê o Maracanã por dentro não tem nada a ver com o antigo", disse Zico, que marcou 333 de seus mais de 800 gols no Maracanã, em entrevista à Reuters por telefone.

"Eram mudanças necessárias. Houve tempo de 100 mil, 120 mil torcedores no Maracanã, mas hoje o futebol exige um conforto e uma segurança maiores. A perda da capacidade é uma consequência quando se precisa aumentar a segurança para o próprio torcedor, especialmente num estádio que foi construído há muito tempo", acrescentou.

Zico, de 60 anos, jogou a maior parte da carreira no Flamengo, entre 1967 a 1989, com uma interrupção de 1983 a 1986, tendo o Maracanã como sua casa. Foi lá que ele liderou a equipe que conquistou quatro títulos nacionais entre 1980 e 1987 e venceu a Copa Libertadores de 1981, na chamada "Era Zico".

Nos tempos de Zico, era comum o público passar da casa dos 100 mil torcedores, boa parte concentrada na área chamada de geral --um local onde se via o jogo de pé, abaixo do nível do gramado, com ingressos vendidos a preços baixíssimos.

Mesmo antes da reforma de quase 900 milhões de reais para a Copa do Mundo, o Maracanã já não comportava mais públicos de 100 mil torcedores, e a geral foi extinta na reforma realizada para os Jogos Pan-Americanos de 2007. Agora, a capacidade do estádio caiu novamente, de 90.000 para 78.639.

Comparando o estádio com outras arenas modernas ao redor do mundo, onde Zico esteve nos últimos anos em sua carreira como técnico da seleção japonesa e de times europeus como Fenerbahçe e CSKA Moscou, o ex-jogador exaltou como principal característica do novo estádio a proximidade do torcedor com o campo.


Em vez dos antigos dois anéis da arquibancada, separados do campo por um fosso, o Maracanã agora conta com uma inclinação única de cadeiras do topo do estádio até a beira do campo, o que garantirá 100 por cento de visibilidade do jogo de qualquer lugar, de acordo com os responsáveis pela obra.

"Acho que o ponto principal será a proximidade com o torcedor. Desde que acabaram com a geral, a torcida ficava mais distante do campo, tinha perdido aquele contato que era uma característica do Maracanã, e agora as cadeiras chegam bem perto do gramado como nós temos visto nos estádios do mundo todo, e isso dá uma sensação de proximidade para o jogador e a torcida", disse.

Zico não estará presente à reabertura do Maracanã. Ele não foi convidado para jogar na partida entre os amigos de Ronaldo e os amigos de Bebeto que marcará a reinauguração para um público limitado a 30 por cento da capacidade, formado por convidados e operários da obra com seus familiares.

Houve um convite do governo para ele assistir à partida, mas Zico decidiu que não irá, pois tem viagem marcada para inaugurar unidades da Escola Zico 10 em Anísio (Piauí) e em Petrolina (Pernambuco).

Recentemente ele visitou o Maracanã acompanhado do astro de Hollywood Tom Cruise, a quem conduziu por um passeio pelo gramado. Por enquanto, tudo parece em ordem para Zico, apesar dos atrasos e de o exterior do estádio ainda estar em obras. Eventuais problemas, segundo ele, só vão aparecer quando o estádio for testado.

"Não vejo nenhum problema, acho que isso vai aparecer quando acontecerem os jogos", afirmou.

Após a inauguração no sábado, o Maracanã terá um segundo evento-teste em maio, também com público reduzido, e finalmente será testado com capacidade máxima no amistoso Brasil x Inglaterra, no dia 2 de junho, antes de servir como uma das sedes da Copa das Confederações, de 15 a 30 de junho.

A Federação de Futebol do Estado Rio de Janeiro (Ferj) manifestou interesse em tentar realizar jogos dos times do Rio, incluindo a final do Campeonato Carioca, nos dias 12 e 19 de maio, no Maracanã, mas por enquanto não há confirmação.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasEsportesEstádiosJogadores de futebolMetrópoles globaisRio de Janeiro

Mais de Brasil

Lula diz que vai lançar programa para financiar compra de motos por entregadores

PGR pede prisão preventiva de Carla Zambelli após ida para a Europa

Junho vermelho: como doar sangue e quem pode ser doador?

Lula diz que Israel precisa parar com 'vitimismo': 'O que está acontecendo em Gaza é genocídio'