Agência de notícias
Publicado em 26 de agosto de 2025 às 07h27.
A Marinha do Brasil avançou nas negociações para comprar o navio de guerra britânico HMS Bulwark, segundo divulgado pela Força nesta segunda-feira. No mês de setembro, deverá ocorrer a assinatura do contrato de aquisição da embarcação, que se encontra na cidade de Plymouth, onde passa por uma obra de revitalização prevista para durar até o próximo ano.
Também no mês de setembro, 48 militares brasileiros vão viajar à Inglaterra, onde serão treinados para operar o HMS Bulwark, além de acompanharem o reparo do navio. Em novembro, outros 44 militares serão capacitados para atuar na embarcação. O restante da tripulação deve ir ao Reino Unido apenas em 2026, após o fim da reforma do navio.
"Este navio desempenhará um papel crucial nas missões operativas da Marinha do Brasil na defesa da Amazônia Azul, bem como ser empregado em missões de caráter humanitário e resposta a desastres naturais", destaca a Marinha, em nota. Classificado como um "navio doca-multipropósito", o Bulwark é um tipo de embarcação empregado no transporte de tropas, veículos, helicópteros, equipamentos, munições e provisões.
Com 176 metros de comprimento, o navio britânico tem capacidade para 290 tripulantes, além de conseguir transportar uma tropa de até 710 militares. O convés de voo consegue operar até duas aeronaves de grande porte.
A existência de negociações vislumbrando a compra dos navios já havia sido confirmada pela Marinha brasileira. Em fevereiro, o caso repercutiu na imprensa inglesa e virou alvo de controvérsia no parlamento britânico. As embarcações militares estariam sendo vendidas pelo equivalente a R$ 145 milhões, uma fração do valor gasto pelo Ministério da Defesa do Reino Unido com os Albion e o Bulwark nos últimos 14 anos.
"Há alguns anos, o Comitê de Defesa da Câmara dos Comuns descreveu a ideia de eliminar estes dois navios anfíbios importantes como analfabetismo militar", disse o parlamentar Mark Francois, do Partido Conservador, ao jornal The Daily Mail na ocasião. Francois ocupa a função de Ministro da Defesa das Sombras, cargo sem poderes executivos, mas que tem como dever fiscalizar as ações do titular da pasta.
"Dado o quanto o Ministério da Defesa gastou para reequipá-los nos últimos anos, vendê-los repentinamente a um preço de banana também é 'analfabetismo financeiro'", completou Francois ao jornal britânico.
Os navios teriam sido ofertados ao Brasil pelo valor de 20 milhões de libras (R$ 145 milhões). Em novembro de 2024, a atual ministra da Indústria de Defesa, Maria Eagle, afirmou que, desde 2010, o Albion e o Bulwark custaram £132,7 milhões (R$ 966 milhões) em reformas.
Em janeiro do ano passado, o então ministro britânico das Relações Exteriores, o conservador Andrew Mitchell, declarou que os dois navios não seriam descartados antes do planejado, no início da década de 2030. Na época, a aposentadoria do Albion e do Bulwark foi aventada como uma solução para liberar marinheiros para outros navios em meio a uma crise de recrutamento na Marinha.
Com a mudança de governo nos meses seguintes, os planos dos britânicos mudaram. Em 20 de novembro, o Secretário de Defesa John Healey, do Partido Trabalhista, anunciou que o Albion e o Bulwark seriam desativados. Os dois navios já se encontravam na prática fora de operação e custavam aos cofres públicos R$ 65 milhões ao ano.
"De acordo com o planejamento atual, nenhum dos dois deveria voltar ao mar antes das datas planejadas de desativação, em 2033 e 2034", disse Healey, segundo o jornal britânico.