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Motta adia votação do PL Antifacção e remarca para próxima semana

Nesta quarta-feira, Guilherme Derrite, relator do projeto, apresentou quarta versão do texto, que cria tipo penal de 'organização criminosa ultraviolenta'

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 12 de novembro de 2025 às 21h14.

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O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu adiar a votação do projeto de lei antifacção, em razão da falta de consenso em torno do texto apresentado pelo relator, deputado Guilherme Derrite (PP-SP).

Antes da decisão de Motta, Derrite apresentou nesta tarde a quarta versão do projeto que estabelece o marco legal do combate ao crime organizado, atendendo parcialmente a algumas exigências do governo federal.

De acordo com o presidente da Câmara, a votação será remarcada para a próxima terça-feira, 18 de novembro.

"Teremos pauta única na próxima terça-feira para que a Casa possa fazer uma ampla discussão e a votação dessa matéria que é tão importante para nosso país", disse.

Queixas ao relatório de Derrite

Nesta nova versão, Derrite ajustou o parecer para tentar atender a solicitações do governo sobre o financiamento das atividades da Polícia Federal (PF). No entanto, membros do Ministério da Justiça ainda apontam problemas no novo relatório.

Nesta tarde, o Ministério da Justiça havia criticado o terceiro parecer de Derrite, que previa a destinação genérica dos recursos obtidos com a apreensão de bens de traficantes e membros de organizações criminosas para os fundos estaduais ou distritais de Segurança Pública.

A pasta considera que, nos casos em que a investigação for de competência federal, os recursos deveriam ser destinados a fundos que financiam as atividades da Polícia Federal.

Como solução para esse impasse, Derrite ajustou o texto, estabelecendo que bens apreendidos sejam destinados ao Fundo para Aparelhamento e Operacionalização das Atividades Fim da Polícia Federal (FUNAPOL), quando o delito estiver sendo investigado pela corporação.

Apesar da alteração, técnicos do Ministério da Justiça argumentam que esses recursos deveriam ser destinados ao Fundo Nacional Antidrogas (Funad).

O novo relatório também introduz o termo "organização criminosa ultraviolenta" para se referir ao crime de "facção criminosa". Essa mudança busca evitar a sobreposição de leis, pois há uma legislação específica que trata do crime de organização criminosa.

Mais cedo, tanto o Planalto quanto o Ministério da Justiça haviam criticado o terceiro relatório de Derrite por criar uma nova lei que também abordava "organização criminosa".

De acordo com o projeto de lei, o delito de organização criminosa ultraviolenta teria uma pena de 20 a 40 anos de prisão, mais severa do que a punição para a organização criminosa comum, que varia de 3 a 8 anos de prisão.

Em uma nota divulgada nesta quarta-feira, o Ministério da Justiça criticou a proposta de criar uma "lei autônoma", denominada "Marco Legal do Combate ao Crime Organizado", que altera outras legislações já em vigor, como a "Lei de Organizações Criminosas".

"Ao insistir na criação de uma “lei autônoma” que modifica temas já tratados na “Lei das Organizações Criminosas” e em outros textos normativos, o último relatório tem o potencial de instaurar um verdadeiro caos jurídico ao propor inovações para alterar, de forma assistemática e pouco técnica, institutos de longa data testados pela jurisprudência dos tribunais. Esse tumulto normativo poderá beneficiar criminosos investigados em procedimentos já instaurados contra eles".

(Com informações de Agência Câmara e Agência O Globo)

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