Eduardo Pimentel (PSD), prefeito de Curitiba (Band Paraná/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 10 de maio de 2025 às 17h30.
O Ministério Público do Paraná pediu a cassação do mandato do prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), e do vice-prefeito, Paulo Martins (PL), por abuso de poder político e de autoridade na eleição do ano passado. Eles são acusados de terem se beneficiado de um esquema de coação de funcionários públicos da prefeitura para realizarem doações para a campanha política.
Na época, a cidade era administrada por Rafael Greca (PSD), que apoiou a candidatura de Pimentel.
O caso veio à tona com um vazamento de áudio, revelado pelo portal Metrópoles, de uma reunião em que Antônio Carlos Pires Rebello, que ocupava o cargo de superintendente de Tecnologia e Informação, afirmava que os servidores teriam que comprar convites de R$ 3 mil para um jantar de arrecadação da campanha no início de setembro, a um mês do primeiro turno.
Na gravação, ele orienta que os pagamentos fossem feitos através de contas de parentes, para não serem identificados, e ameaça a demitir aqueles que não aderissem ao plano. Na ocasião, ele também teria dito que o valor seria para “ajudar a campanha" e que o método para conseguir o dinheiro era "melhor do que fazer caixa 2”.
Na época, a prefeitura da cidade exonerou Rebello e informou, em nota, que repudiava a prática e que os fatos seriam "apurados com o rigor necessário".
O caso, no entanto, foi denunciado por Cristina Graeml, adversária política de Pimentel derrotada no segundo turno, chegando ao Ministério Público Eleitoral do estado.
Em resposta, a promotora eleitoral Cynthia Maria de Almeida Pierri, se manifestou na última quinta-feira pelo acolhimento da denúncia e pela cassação e inelegibilidade de Pimentel, Martins e Greca. Entre os argumentos usados, é mencionada "a rápida exoneração do investigado Antônio Rebello, logo após a divulgação dos fatos". Segundo ela, isso constituiria "forte indício da veracidade e gravidade da conduta a ele imputada, sendo uma admissão tácita, pela administração, da irregularidade ocorrida”.
A promotora também negou o argumento apresentado pelas defesas dos investigados, que afirmam que as gravações de áudio feitas do planejamento do esquema seriam clandestinas e não serviriam como provas lícitas. O jornal "O Globo" tentou contato com as defesas dos investigados e a prefeitura de Curitiba, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.