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Doria nega ser bolsonarista e diz não ter criado o slogan "BolsoDoria"

Em entrevista, o atual governador de SP, provável adversário de Bolsonaro para as eleições de 2022, afirmou que não foi oportunista no pleito do ano passado

#BolsoDoria: em diversas publicações nas redes sociais, o governador de SP usou a hashtag (Twitter/Reprodução)

#BolsoDoria: em diversas publicações nas redes sociais, o governador de SP usou a hashtag (Twitter/Reprodução)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 3 de outubro de 2019 às 10h44.

Última atualização em 3 de outubro de 2019 às 10h51.

São Paulo — Apesar de publicações no Twitter e do apoio declarado nas eleições de 2018, o governador de São Paulo, João Doria, nega ser "bolsonarista".

Em entrevista à GloboNews nesta quarta-feira (02), o tucano disse que não criou o slogan "BolsoDoria". "O movimento nasceu no interior de São Paulo, mas eu incorporei", afirmou.

Em toda a entrevista, Doria salientou que não é "bolsonarista" e que não foi "oportunista" nas época das eleições.

"Eu jamais votaria no Fernando Haddad. Naquelas circunstâncias, uma eleição em que eu enfrentava todos os partidos de esquerda e até parte do meu partido, com Bolsonaro contra essa esquerda, qual era meu caminho?", justificou o governador.

Em outubro do ano passado, em uma de suas diversas falas que indicavam seu voto no então candidato pelo PSL, Doria afirmou que "iria apoiar o governo de Bolsonaro para garantir a estabilidade política no país"

No Twitter, em publicação de novembro de 2018, Doria compartilhou uma foto junto a Bolsonaro usando a hashtag "#BolsoDoria". Na foto, os dois fazem o símbolo de "acelera", utilizado nas campanhas do governador.

Um dia antes das eleições do ano passado, Doria voltou a usar a hashtag e escreveu, em elogio claro a Bolsonaro, que "de um lado, a velha política. Do outro, quem defende novas práticas, gestão inovadora e eficiência".

No entanto, desde que o presidente foi eleito, os políticos têm trocado farpas. Em uma de suas lives semanais, em agosto, Bolsonaro afirmou que Doria “estava mamando” no governo do PT, referindo-se à compra de aviões com financiamento do BNDES.

Na ocasião, o governador respondeu: "Nunca precisei mamar em teta nenhuma".

Mais recentemente, em uma briga pela "paternidade" de um investimento de R$ 1 bilhão da montadora Toyota em sua fábrica de Sorocaba, o governador deu um recado a Bolsonaro: "Recomendo que o presidente trabalhe mais e tuíte menos".

Doria é apontado como um provável adversário de Bolsonaro para as eleições de 2022, mas, segundo o governador, o momento para a discussão sobre as próximas eleições presidenciais ainda não chegou.

"Não é hora de confronto e de debater eleição. Considero que esse é um tema para daqui três anos", disse.

Na entrevista desta quarta-feira, Doria reiterou as críticas que fez ao discurso do presidente na Assembleia-Geral da ONU, marcado por ataques ao socialismo.

O governador voltou a chamar o discurso de Bolsonaro de "inadequado" e defendeu seu direito à crítica. "Eu não perco meu espírito crítico. Mas faço isso de forma educada, não fico vociferando contra esse ou aquele equívoco. Eu tenho direito à crítica."

Ele criticou, ainda, a indicação do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, para a embaixada nos Estados Unidos.

"Moralmente, não me parece adequado que o filho de um presidente da República seja indicado para uma embaixada. Isso não é positivo. Você confunde o tema familiar com o diplomático. Ainda que fosse alguém que soubesse o inglês corretamente, que tivesse curso em Harvard, que tivesse vivência, competência, ainda assim, eu diria não", completou.

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