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Nem Uber, nem 99: três em cada quatro cidades brasileiras não tem transporte por aplicativo

Embora presença dos apps tenha crescido 65% desde 2020, serviço está concentrado em municípios maiores; táxis e ônibus seguem predominantes

Até modalidades menos comuns, como barcos, aviões e trens, têm presença mais expressiva em contextos regionais específicos. (Germano Lüders/Exame)

Até modalidades menos comuns, como barcos, aviões e trens, têm presença mais expressiva em contextos regionais específicos. (Germano Lüders/Exame)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 31 de outubro de 2025 às 15h57.

A febre dos transportes por aplicativo pode parecer imensa nas grandes metrópoles, mas ainda não é a realidade majoritária do Brasil. Dados recentes revelam que apenas um em cada quatro municípios brasileiros oferece serviços de transporte por aplicativo como Uber, 99 ou Cabify.

Entre os 5.568 municípios que responderam ao levantamento da pesquisa MUNIC/ESTADIC 2024, 1.465 (26%) informaram ter o serviço em operação.

Por outro lado, três em cada quatro cidades (73%) declararam não contar com esse tipo de transporte, totalizando 4.084 municípios.

Crescimento concentrado nas grandes cidades

Embora o número de municípios com aplicativos tenha crescido 65% entre 2020 e 2024, esse avanço se concentrou nas cidades com mais habitantes.

A explicação está no perfil populacional do país, considerando que a maioria das cidades brasileiras (81%) possui até 20 mil habitantes. Entre as 4,1 mil que não têm transporte por aplicativo, 3,3 mil se enquadram justamente nesse tamanho populacional.

Assim, fica claro que municípios menores não tem tanta atratividade para as empresas de aplicativo devido à demanda insuficiente para tornar a operação viável.

Disparidade regional é marcante

A presença dos aplicativos varia consideravelmente entre os estados brasileiros, sendo o Rio de Janeiro o líder de proporção de municípios atendidos, com 62% de suas cidades oferecendo o serviço. Em seguida aparecem São Paulo (48%) e Santa Catarina (45%).

Por outro lado, estados como Piauí e Paraíba estão entre os que têm menor presença desse tipo de transporte.

Essa disparidade reflete tanto diferenças no tamanho médio dos municípios quanto no nível de urbanização e poder aquisitivo da população em cada região.

Meios tradicionais ainda predominam

Apesar do crescimento dos aplicativos, os meios tradicionais de transporte continuam com cobertura muito superior. A comparação com dados recentes do IBGE revela que o serviço por app ainda é o modal menos presente entre as opções de transporte urbano:

  • Táxi: 80% dos municípios (4.427 cidades)
  • Ônibus intermunicipal: 78% (4.361 municípios)
  • Van: 60% (3.338 cidades)
  • Mototáxi: 53% (2.925 municípios)
  • Ônibus intramunicipal: 31% (1.735 cidades)
  • Transporte por aplicativo: 26% (1.465 municípios)

Vale destacar que até modalidades menos comuns, como barcos (9%), aviões (3%) e trens (2%), têm presença mais expressiva em contextos regionais específicos. O metrô aparece em menos de 1% dos municípios, com apenas 21 cidades.

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