Jair Bolsonaro: ex-presidente foi preso preventivamente pela Polícia Federal neste sábado, 22 de novembro de 2025. (Gustavo Moreno/STF/Flickr)
Repórter
Publicado em 22 de novembro de 2025 às 13h24.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi preso preventivamente na manhã deste sábado, 22, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A ordem se apoia nos fundamentos que autorizam prisão preventiva — uma medida usada quando a liberdade do investigado pode colocar em risco o andamento do processo, a ordem pública ou a aplicação da lei penal.
No despacho, Moraes cita episódios recentes que, de acordo com o ministro, justificam a medida: a violação da tornozeleira eletrônica, indícios de risco de fuga e a convocação de uma vigília organizada por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
De acordo com os artigos 311 a 316 do CPP, a prisão preventiva é uma medida cautelar decretada por um juiz durante a investigação ou o processo penal.
Ela não representa cumprimento antecipado de pena, mas um mecanismo para garantir que o processo não seja prejudicado.
A legislação determina que a medida só pode ser aplicada quando presentes dois grupos de requisitos:
1. Requisitos obrigatórios:
2. Requisitos autorizadores:
A prisão preventiva é considerada excepcional e deve ser usada apenas quando outras medidas — como monitoração eletrônica, prisão domiciliar ou proibição de contato — se mostrarem inadequadas.
Após o Pacote Anticrime, lei que promoveu alterações significativas na legislação penal e processual penal brasileira, o juiz não pode decretar mais prisão preventiva de ofício na fase investigativa: é necessário pedido do Ministério Público, da autoridade policial ou das partes.
O STF e o STJ afirmam que a decisão precisa ser fundamentada em fatos concretos, não em presunções abstratas.
A decisão de Moraes aponta uma série de elementos que, segundo o documento, justificam a medida cautelar. Eles se encaixam nas hipóteses previstas no artigo 312 do CPP e demonstrariam o risco representado pela manutenção da liberdade do ex-presidente.
1. Violação da tornozeleira eletrônica
O STF recebeu comunicação da Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal registrando violação do dispositivo às 0h08 deste sábado.
Segundo Moraes, isso indica que Bolsonaro “pretendia romper a tornozeleira para garantir êxito na fuga”, que seria facilitada pela mobilização convocada pelo filho.
2. Risco de fuga
A decisão cita que a casa de Bolsonaro fica a cerca de 15 minutos da embaixada dos Estados Unidos. Moraes afirma ainda que o ex-presidente já foi investigado por planejar fuga para a embaixada da Argentina e destacou que aliados como Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro deixaram o Brasil durante investigações.
3. Risco à ordem pública
A publicação de Flávio Bolsonaro convocando uma vigília em frente à casa do ex-presidente foi apontada como um gatilho para a prisão preventiva.
Moraes afirmou que o ato poderia reunir centenas de pessoas, provocar tumulto e repetir o padrão dos acampamentos realizados após as eleições de 2022 — que antecederam os atos de 8 de janeiro de 2023.
Ele classificou a ação como parte do “modus operandi” do grupo investigado pelo STF.
4. Descumprimento de medidas cautelares
Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde agosto e utilizava tornozeleira eletrônica — uma das medidas alternativas à prisão previstas no CPP.
A tentativa de violação do equipamento caracteriza descumprimento direto dessas medidas, hipótese que autoriza a decretação de prisão preventiva.
Apesar da detenção deste sábado, Bolsonaro não começou a cumprir a pena de 27 anos e três meses à qual foi condenado pela Primeira Turma do STF. Como ainda há um recurso pendente, a pena só poderá ser executada após o trânsito em julgado.
A prisão decretada por Moraes é cautelar e visa garantir a efetividade do processo.
Bolsonaro foi levado para uma sala especial da Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde permanecerá até a audiência de custódia marcada para este domingo, 23, às 12h.