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O valor de conservar a Amazônia: ela evapora 20 bilhões de toneladas de água por dia

Essa água forma os chamados "rios voadores", importantes para regular o clima do planeta

Rio na Amazônia: COP30 debaterá formas de financiar preservação da floresta (Leandro Fonseca /Exame)

Rio na Amazônia: COP30 debaterá formas de financiar preservação da floresta (Leandro Fonseca /Exame)

EFE
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Agência de Notícias

Publicado em 26 de setembro de 2025 às 14h19.

A Amazônia é a maior floresta tropical do planeta, e há décadas sofre com a destruição de sua superfície, mas qual é o valor de mantê-la em pé? Um dado-chave: evapora 20 bilhões de toneladas de água por dia.

O Brasil quer responder a essa pergunta na próxima cúpula mundial do clima (COP30), que será realizada em novembro, em Belém, e levará uma proposta aos líderes do mundo: pagar por conservar as florestas tropicais através de um fundo internacional.

O problema é que poucos sabem da incalculável contribuição da Amazônia para a regulação climática do planeta e para o desenvolvimento da agropecuária na América do Sul, conforme explicaram especialistas que participaram da III edição do Fórum Latino-Americano de Economia Verde (FLEV), organizado pela Agência EFE em São Paulo em setembro.

Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas e coautor do livro ‘O Silêncio da Motosserra’, declarou que a Amazônia evapora 20 bilhões de toneladas de água por dia.

"Para fazer isso com energia, seriam necessários seis meses de toda a energia elétrica do planeta para fazer o serviço que a Amazônia faz em um dia", declarou.

Esse vapor de água chega à atmosfera através da transpiração das árvores e forma os chamados "rios voadores", acúmulos de umidade que irrigam de chuva a região sul-americana.

Sem esse gigantesco processo de evaporação, as vastas áreas agrícolas do Brasil e da Argentina, por exemplo, estariam em sério perigo.

Importância de manter florestas em pé

Então, quanto vale manter as florestas tropicais vivas em vez de apostar em um modelo econômico baseado na agropecuária intensiva, na mineração e no desmatamento?

"É muito difícil de responder, mas a ideia é que, se uma pessoa protege a floresta, deve receber um valor que tenha algum significado, mas nunca alcançará o valor real da floresta", afirmou Azevedo.

Nesse sentido, o Brasil lançará na COP30 o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), um novo mecanismo de conservação para as florestas tropicais do planeta.

O objetivo é somar investimentos públicos e privados e direcionar recursos diretamente para aqueles que conservam as florestas, como os povos indígenas.

No entanto, Cláudio Ângelo, coordenador de Política Internacional da rede ecológica Observatório do Clima e também coautor do livro ‘O Silêncio da Motosserra’, expôs no fórum algumas dificuldades para adotar um modo de vida sustentável na região amazônica brasileira.

Ele ressaltou o caráter "conservador" do setor pecuário e o fato de que comprar terra e destruir sua massa vegetal continua sendo "muito barato". Além disso, "os incentivos para mudar de comportamento são muito baixos".

Também há uma questão política, pois os grupos de pressão do ramo agropecuário ganharam terreno no Congresso, de onde impulsionaram iniciativas para flexibilizar a regulamentação ambiental.

Toda a Amazônia perdeu entre 1985 e 2023 mais de 88 milhões de hectares de florestas, uma superfície quase tão grande quanto a Venezuela, segundo uma análise do Mapbiomas Amazônia, uma iniciativa da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG).

Nas áreas onde a floresta diminuiu, o uso de solos para a agricultura se expandiu em 598%; e na pecuária, 298%.

O III FLEV contou com o patrocínio de ApexBrasil, Norte Energia e Lots Group, além do apoio de Imaflora, Observatório do Clima e IBMEC.

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