Agência de notícias
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 08h03.
Última atualização em 25 de setembro de 2025 às 08h06.
Uma nova operação, deflagrada nesta quinta-feira, mira um esquema de exploração de jogos de azar e venda de combustíveis adulterados que se utilizava da mesma fintech suspeita de lavar dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC). Integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), da Receita Federal, da Secretaria da Fazenda, da Procuradoria-Geral do Estado de SP e da Polícia Militar cumprem 25 mandados de busca e apreensão na Operação Spare.
Segundo a CNN, o chefe do esquema é Flávio Silvério Siqueira, conhecido como "Flavinho", suspeito de lavar dinheiro do crime organizado por meio de postos de combustíveis.
As investigações começaram com a apreensão de máquinas de cartão em casas de jogos clandestinos em Santos, no litoral paulista. Os aparelhos estavam vinculados a postos de combustíveis. Apurações adicionais das movimentações financeiras apontaram que os valores eram transferidos para uma fintech que ficaria responsável por ocultar a origem ilícita e a destinação final.
A organização criminosa movimentou "milhões de reais" pela mesma fintech, segundo o Ministério Público (MP). Ela já havia sido alvo da Operação Carbono Oculto, deflagrada em 28 de agosto, que desmantelou um esquema bilionário de sonegação fiscal, fraudes e lavagem de dinheiro no setor de combustíveis, no qual integrantes do PCC teriam se infiltrado. A empresa foi identificada na ocasião como a BK Bank.
Na Operação Carbono Oculto, a BK Instituição de Pagamento S.A. foi citada como peça central da engrenagem financeira do grupo criminoso. Segundo as investigações, a fintech atuava como braço de captação de recursos e aquisição de empresas, viabilizando a movimentação de valores e a ocultação de sua origem ilícita.
O método principal era o uso de "contas bolsão", em que valores de diferentes clientes eram reunidos em uma única conta. Esse mecanismo permitia compensações internas e dificultava o rastreamento dos recursos, criando obstáculos ao sistema antilavagem.
O volume de transações atípicas na instituição soma cerca de R$ 17,7 bilhões em créditos e um valor idêntico em débitos com empresas ligadas ao PCC. Parte significativa desse fluxo passou pela filial de Ribeirão Preto, que tinha ligação direta com atividades do grupo em usinas sucroalcooleiras e distribuidoras de combustíveis.
Em outro eixo, a BK serviu de canal para uma rede de postos que movimentou mais de R$ 54 bilhões, mas declarou ao fisco apenas 0,17% em tributos, índice considerado incompatível para empresas tributadas pelo lucro real.
O MP destaca que as investigações que levaram à Operação Spare identificaram uma "complexa rede de pessoas físicas e jurídicas" envolvidas no esquema, além de vínculos com empresas do ramo hoteleiro, postos de combustíveis e instituições de pagamento. Os acusados também mantinham um sistema de contabilidade paralela para dificultar o rastreio dos recursos.