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Plano de SP contra crise hídrica prevê redução de pressão e rodízio

O presidente da Artesp afirmou que mais medidas adicionais podem ser realizadas, mas cenário não deve se agravar

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 24 de outubro de 2025 às 17h32.

O governo de São Paulo anunciou nesta sexta-feira, 24, um plano de contingenciamento para enfrentar a crise hídrica que afeta o Estado. O plano inclui a redução de até 16 horas na pressão dos encanamentos de distribuição de água na região metropolitana, além de medidas mais drásticas, como o rodízio no abastecimento e o uso do volume morto dos mananciais em situações extremas.

Em coletiva de imprensa, Thiago Mesquita, diretor-presidente da Arsesp, afirmou que há previsão de novas quedas do volume de água do Sistema Cantareira, no entanto, descartou agravamento do cenário.

"Se a realidade for pior que a previsão, pode ocorrer a necessidade de adição de alguma medida operacional. Não é o cenário com o qual trabalhamos. Ainda haverá alguma queda de reservatórios, isso já é esperado. Mas, isso não significa agravamento".

Mesquita também destacou que se essa mudança ocorrer dentro das projeções da Arsesp, as represas ainda estarão na Faixa 3, fase em que se encontra a Grande São Paulo desde setembro.

"Se for uma queda de reservatórios em linha com o projetado dentro da curva de contingência, permaneceremos dentro da faixa 3 e não será necessária nenhuma medida adicional", disse.

"A projeção futura considera a curva de contingência estabelecida pela SP Águas, que projeta uma afluência equivalente a de 2021. Ocorrendo um regime de chuvas semelhante ao daquele ano, podemos observar que as medidas em vigor são suficientes para sustentar o reservatório", diz Thiago Mesquita, diretor-presidente da agência.

Natália Resende, secretária de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Semil), afirmou que haverá intensificação do monitoramento dos níveis dos reservatórios e avaliação da possibilidade das mudanças de faixas.

"Todos os dias vamos acompanhar a situação e a faixa de segurança dos dias. Se permanecermos sete dias em uma segurança mínima, podemos mudar para a faixa posterior. Estaremos olhando a proteção de mananciais e a sustentabilidade do sistema", disse Resende.

Além disso, a secretária também considera mudanças nesse cenário com a previsão de chuvas para a próxima semana.

"Se chover acima do esperado, o que pode acontecer, pois estamos em um cenário muito inconsistente de chuvas pelas mudanças climáticas. Na próxima semana, esperamos uma chuva de 40 a 50 mm, dentro das projeções da SP Águas. Por isso, vamos fazer esse acompanhamento no período chuvoso e estaremos em alerta para tomar as medidas necessárias.

Entenda as medidas do governo de restrição no abastecimento

O plano será dividido em sete faixas de restrição, que serão implementadas de acordo com a evolução ou não do desabastecimento. Cada faixa representa um nível de criticidade e orienta as ações de contingência que serão tomadas.

De acordo com o governo, as restrições só serão aplicadas após sete dias consecutivos em um mesmo nível, com possibilidade de relaxamento após 14 dias consecutivos de melhoria na situação hídrica.

As faixas de atuação são as seguintes:

  • Faixa 1 e 2: Implantação do Regime Diferenciado de Abastecimento (RDA) e gestão da demanda noturna, com 8 horas de restrição, respectivamente.
  • Faixa 3: Gestão da demanda noturna por 10 horas e intensificação das campanhas de conscientização.
  • Faixas 4, 5 e 6: Contingência controlada, com aumento gradual da redução da pressão na rede, para 12, 14 e 16 horas, respectivamente.
  • Faixa 7: Cenário mais crítico, com rodízio de abastecimento entre regiões e fornecimento de caminhões-pipa para apoiar serviços essenciais.

A decisão foi anunciada após o Sistema Cantareira registrar o nível mais baixo de reservação de água dos últimos dez anos. Atualmente, o índice de reserva está em 28,7%, o menor desde a crise hídrica de 2014-2015. Nesse cenário, o Estado está na faixa 3, com a pressão reduzida por 10 horas diárias.

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