BRASILIA, BRAZIL - JUL 21 - Former Brazilian President Jair Bolsonaro speaks to the media after meeting with lawmakers of the Liberal Party at the National Congress in Brasilia, Brazil, July 21, 2025. (Photo by Mateus Bonomi/Anadolu via Getty Images) (Mateus Bonomi/Anadolu/Getty Images)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 11 de setembro de 2025 às 18h00.
Última atualização em 11 de setembro de 2025 às 21h30.
O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta quinta-feira, 11, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por todos os crimes apontados pela Procuradoria-Geral da União (PGR) na denúncia de tentativa de golpe de Estado em 2022.
Após o voto de Cristiano Zanin, que acompanhou o relator Alexandre de Moraes e os ministros Flávio Dino e Cármen Lúcia, o julgamento do mérito do caso terminou com placar de 4 a 1.
Apenas Luiz Fux divergiu e defendeu a absolvição de seis acusados em todos os crimes e a condenação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice de Bolsonaro em 2022.
Os ministros ainda precisam discutir a dosimetria, ou seja, o tamanho das penas que serão impostas aos condenados. A expectativa é que a discussão ocorra na sessão de sexta-feira.
No seu voto, Zanin reconheceu integralmente a denúncia da PGR e destacou que as provas nos autos permitem concluir que os acusados pretendiam romper com o Estado Democrático de Direito.
Ele afirmou ainda que as ações do grupo tiveram violência e cita os danos causados aos Três Poderes com a destruição do 8 de janeiro. O presidente da Turma disse ainda que a ausência de vínculo direto entre o autor e os demais partícipes é indiferente para a responsabilização penal.
Os ministros da Primeira Turma também decidiram por 4 a 1 afastar todas as preliminares apresentadas pelas defesas de Bolsonaro e dos demais acusados, como pedidos de nulidade da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e um dos réus, alegações de cerceamento de defesa, pedidos para retirar o caso do STF, além das solicitações de absolvição.
O julgamento do mérito do caso terminou com placar de 4 a 1.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, uma organização estava "enraizada na própria estrutura do Estado e com forte influência de setores militares", e se "desenvolveu em ordem hierárquica e com divisão das tarefas preponderantes entre seus integrantes".
A acusação afirma que os delitos descritos não são de ocorrência instantânea, mas se desenrolam em cadeia de acontecimentos, alguns com mais marcante visibilidade do que outros, sempre articulados ao mesmo objetivo – o de a organização, tendo à frente o então presidente da República Jair Bolsonaro, não deixar o Poder, ou a ele retornar, pela força, ameaçada ou exercida, contrariando o resultado apurado da vontade popular nas urnas.
Entre os fatos revelados pelos investigadores está o plano "Punhal Verde e Amarelo", uma trama para assassinar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
O ex-presidente Jair Bolsonaro fala à imprensa no Senado Federal, em Brasília, em 17 de julho de 2025 (Mateus Bonomi/AFP)
Alexandre Ramagem em sessão no Senado quando ainda era diretor da Abin (Marcos Oliveira/Agência Brasil)
Almir Garnier Santos durante cerimônia em abril de 2021
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (Adriano Machado/Reuters)
Ex-ministro da Defesa durante sessão no Senado Federal (Roque de Sá/Agência Senado/Flickr)
Ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto (José Dias/PR/Flickr)
Mauro Cid durante depoimento da CPMI dos Atos de 8 de Janeiro de 2023 (Geraldo Magela/Agência Senado/Flickr)