Agência de notícias
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 14h54.
Após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, na noite desta segunda-feira, 4, integrantes da oposição afirmaram que vão tentar pautar o projeto que anistia os envolvidos nos atos de 8 de janeiro na ausência do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e cobraram o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a dar andamento aos pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), vice-presidente da Casa, disse que pautará a anistia no primeiro momento em que assumir o comando em alguma ausência de Motta.
— Sempre busquei o presidente Hugo Motta, que tem a pauta da Câmara na mão. Diante dos fatos, quero dizer que no primeiro momento em que eu exercer a presidência da Câmara, vou pautar a anistia — disse Côrtes.
Líder da oposição no Congresso, o senador Rogério Marinho (PL-RN) cobrou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) a dar andamento aos pedidos de impeachment de Moraes.
— Eu, como líder de oposição, não consigo interlocução com Davi Alcolumbre. Isso é um desrespeito. Ele pode ser aliado do governo, mas não pode virar as costas a uma demanda imposta pelo Parlamento. É necessário que ele tenha estatura e permita a abertura do processo de impedimento por crime de responsabilidade em desfavor do ministro Alexandre — disse Marinho.
A oposição afirmou ainda que vai obstruir os trabalhos no Congresso. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) acrescentou que, além da anistia e da pressão contra Moraes, o fim do foro privilegiado também será tratado como prioridade. O presidente nacional do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou que o próprio partido e o União Brasil, com o qual deve se federar, vão aderir à obstrução.
— Para que o Brasil volte a olhar para frente: anistia ampla geral e irrestrita, o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. O terceiro ponto é que possamos aprovar imediatamente a PEC que acaba com o foro privilegiado de parlamentares, não pode continuar sendo um objeto de pressão — disse Flávio.
O senador acrescentou ainda que o irmão Carlos Bolsonaro, vereador no Rio, já teve alta após ser internado na noite de segunda após a determinação de prisão domiciliar contra o pai.
Antes da coletiva, os deputados participaram de um encontro no apartamento funcional do líder da oposição, deputado Zucco (PL-RS).
Estiveram presentes nomes como Filipe Barros, Caroline de Toni, Delegado Caveira, Sanderson, Zé Trovão, Marcel Van Hattem, Evair de Melo, Carlos Jordy, Gustavo Gayer, Marco Feliciano, Osmar Terra, Paulo Bilynskyj e o próprio Zucco. A avaliação no encontro que durou por volta de uma hora foi a de que a prisão exige uma resposta política imediata.
A estratégia central discutida na reunião foi reforçar a narrativa de que Bolsonaro estaria sendo alvo de perseguição política por parte do Judiciário, em especial do Supremo Tribunal Federal (STF), e retomar com mais força as bandeiras da pauta anti-STF.
A prisão de Bolsonaro foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes após indícios de descumprimento de medidas cautelares impostas no inquérito das milícias digitais. O ex-presidente usava tornozeleira eletrônica desde o último dia 18, por suspeita de colaborar com seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), investigado por articular sanções contra autoridades brasileiras nos Estados Unidos.