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Projeto que anula aumento do IOF deve ser pautado na terça, diz Hugo Motta

Presidente da Câmara disse que aguarda apresentação do novo pacote fiscal pela Fazenda antes de tomar decisão, mas defendeu que revisão de benefícios fiscais esteja entre propostas

Na avaliação de Motta, a crise do IOF abriu espaço para a discussão de soluções estruturais para as contas públicas (Agência Câmara)

Na avaliação de Motta, a crise do IOF abriu espaço para a discussão de soluções estruturais para as contas públicas (Agência Câmara)

Agência o Globo
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Publicado em 7 de junho de 2025 às 12h13.

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O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou neste sábado que o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que busca sustar os efeitos do aumento do IOF poderá ser pautado na próxima terça-feira. A decisão, no entanto, está condicionada à reunião marcada para este domingo entre o Ministério da Fazenda e os presidentes da Câmara e do Senado, segundo ele.

— Vamos amanhã, após a apresentação das medidas do governo, decidir sobre o PDL, que pode entrar na pauta na próxima terça-feira. Tudo isso será deliberado após essa conversa — disse Motta, em entrevista a jornalistas no Guarujá, no litoral de São Paulo. — Não é justo termos estabelecido um prazo de dez dias para que o governo apresentasse alternativas e decidirmos antes disso. Qualquer posição agora fugiria ao que foi combinado.

Segundo Motta, a intenção é evitar “movimentos políticos bruscos” e dar espaço para que o Executivo proponha uma saída negociada. Ele classificou o decreto que elevou o imposto como uma “medida infeliz” e afirmou que a reação negativa levou o Congresso a cobrar alternativas.

— Chamamos o governo à atenção de que a medida do IOF foi mal recebida na Casa. A partir daí, demos mais uma oportunidade para que o governo apresentasse alguma alternativa de ajuste fiscal para 2025 e 2026 — afirmou durante o Fórum Esfera 2025.

Reformas estruturais e revisão de isenções fiscais

Na avaliação de Motta, a crise do IOF abriu espaço para a discussão de soluções estruturais para as contas públicas. Ele sugeriu que o Congresso terá de enfrentar reformas que “nunca foram encaradas antes”:

No palco do evento do Esfera, Motta também voltou a defender uma revisão de isenções fiscais, tema que deve entrar na mesa de discussões na reunião de amanhã. Segundo ele, o volume de benefícios concedidos ao longo dos anos se tornou insustentável para as contas públicas.

— Estamos colocando na mesa de discussão as isenções fiscais que, ao longo do tempo, foram dadas em nosso país — afirmou Motta. — Isenções essas que não têm o mínimo de acompanhamento sobre retorno e a contrapartida que deve ser dada a quem as recebe à nossa população. É uma conta que só aumenta e que não tem absolutamente nada de acompanhamento.

Ele reforçou que essa discussão não diz respeito apenas ao governo atual, mas a um problema que se arrasta há sucessivas gestões.

Medidas fiscais do governo

A expectativa é que o novo pacote fiscal inclua uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), um projeto de lei e, se necessário, uma medida provisória, segundo já indicou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A pasta editou no dia 23 de maio um decreto que aumentava a alíquota do IOF em diversas operações financeiras, com expectativa de gerar R$ 20,5 bilhões ainda em 2025. A medida provocou forte reação no Congresso e entre setores do mercado financeiro, e gerou nova crise entre governo e parlamento.

Após o desgaste, o governo recuou parcialmente e manteve zerada a alíquota para aplicações de fundos nacionais no exterior. Ainda assim, parlamentares seguiram pressionando pela revogação total da medida, e líderes do Legislativo passaram a articular a aprovação de PDLs que anulam o decreto.

Nesta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que há “alinhamento” com o Congresso sobre as medidas fiscais e sinalizou que o governo está disposto a promover “calibragens” no texto.

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