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PT incorpora verde e amarelo e transforma encontro nacional em palco de críticas a tarifaço de Trump

Evento do partido de Lula também defendeu a soberania. Encontro contou com a presença de militantes como Delúbio Soares e José Dirceu, condenados no mensalão

PT: evento do partido de Lula também defendeu a soberania (Ricardo Stuckert/Divulgação)

PT: evento do partido de Lula também defendeu a soberania (Ricardo Stuckert/Divulgação)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 2 de agosto de 2025 às 17h47.

O comando do Partido dos Trabalhadores, legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aproveitou o encontro nacional da sigla em Brasília para incorporar elementos patrióticos à sua comunicação, lançar um novo regimento interno e endurecer o discurso contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, usando o tarifaço americano contra o Brasil como mote.

O evento ganhou, assim, contornos de manifestação contra a ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as importações brasileiras e integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF).

A militância atendeu ao pedido da cúpula do partido e as cores verde, amarelo e azul tomaram conta do auditório neste sábado, em contraste com o tradicional vermelho que costuma marcar reuniões do PT. Trata-se de uma tentativa o partido de retirar do território da direita o uso da simbologia da bandeira nacional, apropriada nos últimos anos pelo campo bolsonarista.

Em sintonia com a estratégia, o presidente interino do PT, senador Humberto Costa (PE), subiu o tom contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e disse que acionará o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados em nome do partido para pedir a cassação do mandato do filho de Bolsonaro.

— É absurdo e indignante ouvir as falas afrontosas de Eduardo Bolsonaro contra o Brasil — disse, críticando à estadia prolongada do deputado nos Estados Unidos, onde ele admitiu ter articulado sanções contra autoridades brasileiras, ainda que tenha negado envolvimento direto no tarifaço.

O novo regimento interno aprovado durante o encontro contém duras críticas à política externa de Trump. Em um dos trechos, o documento afirma:

“A reação trumpista de promover um enfrentamento comercial, impondo seu tarifaço a 180 países, sem distinção entre ricos e pobres, parece tardia e improvisada — sem falar nos prejuízos que pode acarretar à economia e à população dos próprios Estados Unidos. Trump é o primeiro presidente na história do país a provocar deliberadamente uma crise econômica e financeira dessas proporções e em escala global.”

A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), uma das figuras históricas da legenda, reforçou o tom de soberania nacional no discurso:

— Estamos discutindo que esse país é soberano, e não é quintal ou celeiro dos Estados Unidos — afirmou, neste sábado.

Condenados no Mensalão

O evento deste sábado contou com a presença de dois antigos quadros do partido condenados no escândalo do Mensalão: o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Ambos tiveram suas condenações posteriormente anuladas e articulam um processo de reabilitação política — são pré-candidatos a uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições do ano que vem.

Dirceu foi ovacionado pelos militantes petistas ao chegar ao encontro, repetindo o que já vem ocorrendo em outros eventos partidários. Em março, durante a celebração do aniversário do PT, foi o mais aplaudido entre as lideranças presentes.

Defesa de Kirchner

O evento teve presença de representantes de partidos aliados ao PT da América Latina, como o argentino Partido Justicialista. Humberto Costa defendeu a libertação da ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e chamou um de seus aliados para discursar.

No mês passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na Argentina e se encontrou com Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar após ser condenada por corrupção. A visita foi alvo de críticas da oposição, mas interlocutores do Palácio do Planalto afirmam que Lula quis retribuir os gestos de solidariedade do ex-presidente Alberto Fernández, que o visitou enquanto estava preso em Curitiba.

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