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'Se ele estiver trucando, vai tomar um seis', diz Lula sobre tarifa de Trump

Declaração do presidente ocorreu nesta quinta-feira em um evento em Minas Gerais

Lula: governo atual enfrenta muitos desafios em diversos setores (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Lula: governo atual enfrenta muitos desafios em diversos setores (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 24 de julho de 2025 às 14h10.

Última atualização em 24 de julho de 2025 às 14h56.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o americano Donald Trump e afirmou que o republicano não pretende conversar com o Brasil para negociar as tarifas de 50% contra produtos nacionais.

"Ele não quer conversa. Se quisesse uma conversa pegava o telefone e me ligava. Eu não sou mineiro, mas sou bom de truco. Se ele tiver trucando, ele vai tomar um 6", declarou Lula nesta quinta-feira, 24, caso Trump não queira negociar com o Brasil até 1º de agosto, data marcada para o início das tarifas.

O presidente participa de um evento no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, que faz parte do I Encontro Regional de Educação Escolar Quilombola do Sudeste, que reúne ações interministeriais nas áreas de educação, igualdade racial, direitos humanos e povos indígenas.

O presidente Donald Trump anunciou, no começo deste mês, a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. A decisão foi divulgada por meio de uma carta aberta enviada ao presidente Lula.

No documento compartilhado em suas redes sociais, Trump explicou a medida, afirmando que ela “em parte se deve aos ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos.”

Lula também rebateu um dos pontos da carta de Trump sobre classificou a regulamentação das plataformas digitais como censura e ataque à liberdade de expressão.

"O que nós queremos é evitar a liberdade de agressão. O que não queremos é que as redes fiquem transmitindo ódio aos adolescentes, mentiras e provocações. Nosso objetivo é proteger nosso povo, por isso essas plataformas serão regulamentadas".

De acordo com Lula, os Estados Unidos acumulam, há mais de 15 anos, robusto superávit comercial de US$ 410 bilhões de dólares, o que não justifica alegação de Trump que as relações comerciais com o Brasil são injustas aos EUA. "O Brasil não está vendendo mais do que comprando. Isso é uma mentira", reforçou.

O presidente também salientou que mantém boas relações com vários chefes de estado, mas apenas Trump se recusa a dialogar com ele.

"Ele [Trump] não quer conversar. Eu já conversei com Biden, Obama, Bush e o Clinton. Eu também converso com o Xi Jinping, com a Índia e com o Canadá. Ontem eu conversei 40 minutos com a presidente do México. Também falo com o Paraguai, com a Bolívia e a Indonésia, mas ele [Trump] não quer conversar".

Em seguida, Lula mandou um recado para Trump: "A nossa soberania é feita pelo povo brasileiro. Nós temos a maior floresta para proteger. Nós temos 12% da água doce do mundo para proteger. Temos 215 milhões de pessoas para proteger. Temos todo nosso petróleo, ouro e minerais ricos para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Esse país é do povo brasileiro. O que eu peço aos Estados Unidos é que respeite o povo brasileiro da mesma maneira como eu respeito o povo americano".

Críticas contra Bolsonaro

Durante seu discurso, Lula também voltou a fazer críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao envolvimento de seu filho, Eduardo Bolsonaro, nos ataques de Donald Trump à economia e ao poder judiciário do Brasil.

"Esse cidadão [Bolsonaro] mandou seu filho para os Estados Unidos, para que o Trump fizesse ameaças ao Brasil. Nesta semana, eu fui surpreendido com uma carta do presidente dizendo que o Brasil precisava parar a perseguição ao Bolsonaro, porque era uma 'caça às bruxas'", disse. "Foi um desafaro e um desrespeito com o Brasil e a Justiça do país".

O presente ainda acrescentou que Bolsonaro vai para o "xilindró" e disse que ele deve pagar por suas ações.

"O cara que tentou dar o golpe para não dar posse para mim, não teve coragem de me esperar, fugiu como rato. Agora, fez as bobagens que fez e mandou o filho dele (Eduardo Bolsonaro) ir para Washington pedir para que o presidente Trump intervenha no Brasil. É uma vergonha. Isso é uma falta de caráter, é falta de coragem".

Lula enfatizou que, quando cumpriu pena por causa da condenação na Lava-Jato, não aceitou um acordo para colocar tornozeleira eletrônica, equipamento que Bolsonaro é obrigado a usar desde a semana passada por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Ofereceram um acordo para eu ir para a minha casa com tornozeleira de aço. Eu disse: 'em primeiro, não tem acordo porque eu não troco a minha dignidade pela minha liberdade. Em segundo, eu não vou colocar tornozeleira porque não sou pombo-correio. Em terceiro, eu não vou ficar preso na minha casa porque minha casa não é cadeia'".

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