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Semáforo que usa IA e se abre para os ônibus: a aposta de Goiânia para atrair mais passageiros

Cidade quer levar padrão de metrô ao transporte sobre pneus e investe em renovação de frota e reforma de paradas

Ônibus do sistema BRT de Goiânia (Divulgação)

Ônibus do sistema BRT de Goiânia (Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 29 de junho de 2025 às 08h01.

Brasília* - Um dos principais inimigos dos ônibus são os semáforos. Enquanto trens e metrôs trafegam livremente entre as estações, os coletivos sobre pneus precisam parar a cada poucos minutos em algum cruzamento. Cada parada pode atrasar em um ou dois minutos a viagem, o que frustra os passageiros.

Assim, mexer com os semáforos foi uma das estratégias de Goiânia para melhorar o sistema de ônibus. Na cidade, eles estão sendo sincronizados para favorecer os coletivos.

"Em um trecho de três quilômetros de um corredor de ônibus, havia nove semáforos, e os ônibus paravam em pelo menos quatro ou cinco deles. Hoje eles andam no mesmo trecho e param em um, ou às vezes não param nenhuma vez", disse Sandro Mabel, prefeito de Goiânia, em conversa com a EXAME.

Na cidade, os ônibus possuem equipamentos conectados a uma rede, capazes de "conversar" com os semáforos, que também são conectados. Assim, um sistema, que usa IA, faz os cálculos conforme os ônibus se aproximam para garantir que eles tenham prioridade, ou fiquem parados o menor tempo possível nos cruzamentos.

"Isso muda a performance do ônibus. Ele saiu de 14 a 15 km/h para 22 km/h, mais de 30% aumento de velocidade média", afirma Mabel, que espera que a velocidade chegue a 25 km/h com os próximos ajustes.

Ônibus do sistema BRT de Goiânia (Divulgação)

"Metrônização"

Desde o começo deste ano, Goiânia decidiu fazer uma ampla reforma na rede de ônibus da cidade. A ideia é aproximar a qualidade do sistema ao de um metrô. Mabel tem chamado a mudança de "metrônização".

Além dos semáforos, a cidade investe em renovação de frota, que tem 1.200 ônibus, a reforma de 7.000 paradas e novos sistemas de tecnologia, para monitorar a frota e acelerar sua operação. Mabel não detalhou qual o total necessário a ser investido, mas que o valor deverá envolver "muitos milhões de reais".

"Quem controla o centro de operações, inclusive de todo o sistema de semáforos são as empresas de ônibus", diz Mabel.

"Na campanha, muita gente me pediu para construir um metrô. Fazer uma nova linha de metrô de 6 km vai demorar não sei quantos anos. Em 30 ou 60 dias, eu metrônizo uma linha dessas", afirma o prefeito.

Ele explica que os recursos para as obras vêm do caixa da prefeitura de Goiânia, das cidades vizinhas e também do governo de Goiás.

A reforma dos pontos de ônibus também será incluída em uma PPP de sistemas de cidade inteligente, com equipamentos como câmeras monitoradas à distância.

O setor de ônibus no Brasil vive um cenário de dificuldade para recuperar o volume de passageiros que tinha antes da pandemia. Cinco anos depois, apenas Brasília recuperou o patamar de passageiros que tinham antes daquela crise, segundo dados da NTU, a associação nacional das empresas de ônibus urbanos.

*O repórter viajou a convite da NTU. 

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