Cortes de carne bovina estão entre os produtos incluídos na nova redução tarifária dos EUA (Freepik)
Redação Exame
Publicado em 15 de novembro de 2025 às 16h34.
Última atualização em 15 de novembro de 2025 às 16h54.
A Casa Branca publicou um novo edital detalhando os produtos agrícolas que tiveram redução de tarifas de importação pelos Estados Unidos. A medida integra o recuo anunciado pelo presidente Donald Trump sobre a cobrança global de 10% aplicada desde abril, no pacote conhecido como “tarifas recíprocas”.
O alívio parcial reacendeu a preocupação de exportadores brasileiros. Entidades de café, carnes e frutas afirmam que, embora a retirada da tarifa de 10% beneficie concorrentes internacionais, o Brasil permanece em desvantagem competitiva por seguir sujeito ao adicional de 40%. Setores como o de cafés especiais, por exemplo, registraram quedas superiores a 50% nas vendas aos EUA entre agosto e outubro.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a decisão envolve 80 produtos agrícolas exportados pelo Brasil, mas apenas quatro — três tipos de suco de laranja e castanha-do-pará — ficaram totalmente livres de taxação. Carnes, frutas e café seguem entre os itens mais prejudicados.
A relação completa dos produtos contemplados, incluindo as diferentes categorias de carne bovina e derivados, está disponível aqui no edital oficial divulgado pela Casa Branca.
No governo brasileiro, a leitura foi de que a medida representa uma boa sinalização, embora incompleta. O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o Brasil continuará pressionando pela retirada da sobretaxa de 40% e citou avanços nas negociações após conversas entre os presidentes Lula e Trump e uma reunião recente entre os chanceleres Mauro Vieira e Marco Rubio.
“Há uma distorção que precisa ser corrigida. No caso do Brasil, tinha 50%, ficou com 40%, que é muito alto”, disse Alckmin. Ele destacou ainda que a tarifa sobre o suco de laranja foi zerada, o que representa impacto direto sobre um mercado que movimenta US$ 1,2 bilhão por ano em exportações brasileiras.
O anúncio vem após semanas de negociação entre os dois governos, aceleradas depois do encontro entre Trump e Lula na Malásia. Apesar da pressão brasileira por uma flexibilização mais ampla, Trump afirmou na sexta-feira, 14, que “não vê necessidade de novos cortes”.
Em conversa com repórteres a bordo do Air Force One, disse que a redução já anunciada é suficiente para aliviar preços internos, sobretudo de café e carne — produtos que enfrentam forte alta nos Estados Unidos.