Ponte Estaiada de Teresina, no Piauí (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 5 de junho de 2025 às 08h05.
Teresina* - O Piauí avançou muito na produção de energia nos últimos 20 anos, mas agora tem um problema: a dificuldade para transmitir a energia gerada.
"Estou impedido de ampliar parques eólicas e solares. Os que já existem estão sofrendo cortes de geração de energia e, ao mesmo tempo, está havendo dificuldade para autorizar a conexão de uma indústria do Nordeste. O que está faltando? Mais linhas de transmissão", disse o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), durante o evento Brazil Energy Conference, em Teresina.
Fonteles disse que soluções para a questão estão sendo negociadas em Brasília, pois parte delas depende de decisões políticas.
"Essa demanda já chegou ao presidente Lula, ao Ministério de Minas e Energia e os grupos de trabalho estão trabalhando para poder dar soluções nas próximas semanas", afirmou.
"O que a gente quer é mais velocidade, mais ousadia para que a gente não perca nem investimento de geração e nem de consumo no Nordeste do Brasil. Precisamos de mais conexões Nordeste-Nordeste, e não Nordeste-Sudeste. Não posso ter problema para receber uma indústria que consome 2 GW", afirmou o governador.
Rafael Fonteles, governador do Piauí, durante entrevista coletiva (Divulgação)
Fonteles destacou que o Piauí passou da posição de comprador da energia de outros estados para gerador que tem excedentes, em cerca de 20 anos.
O estado consome 1 GW, mas produz atualmente 7 GW, sendo que 99,75% disso é de energia limpa. O estado recebeu grandes projetos de energia solar e eólica nos últimos anos. O potencial de geração pode chegar a 20 GW, segundo o governador.
Para ele, a energia limpa e abundante se tornou a principal oportunidade para industrializar o Nordeste e o Piauí, de maneira sustentável a longo prazo
"A maioria das tentativas de industrialização ao Nordeste do Piauí, foram, a meu ver, artificiais, baseadas em incentivos fiscais gigantescos para poder atrair indústrias que sequer foram capazes de fazer o Nordeste ultrapassar 14% de participação no PIB. Há 50 anos, o Nordeste não ultrapassa 14% do PIB do Brasil, mesmo tendo 27% da população. Que industrialização é essa que não mudou o patamar?", questionou.
*O repórter viajou a convite da Brazil Energy Conference