Brasil

Volta do horário de verão? ONS afirma que medida pode ser ‘imprescindível’ para atender demanda

O Operador Nacional do Sistema Elétrico afirma que, assim como os anos anteriores, o sistema apresenta um desequilíbrio em termos de potência

Horário de verão: medida pode voltar em 2025 (Tanja Knieps/EyeEm/Getty Images)

Horário de verão: medida pode voltar em 2025 (Tanja Knieps/EyeEm/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 8 de julho de 2025 às 20h11.

Última atualização em 9 de julho de 2025 às 08h42.

Tudo sobreHorário de verão
Saiba mais

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apresentou os resultados do Plano da Operação Energética (PEN 2025) - horizonte 2025-2029 nesta terça-feira, 8, e avaliou a volta do Horário de Verão como alternativa ao agravamento do déficit de potência de energia elétrica.

Em nota, o órgão afirma que, a depender das projeções de atendimento para os próximos meses, a adoção da medida pode, eventualmente, ser recomendada ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) como uma ação imprescindível.

O documento referente ao PEN 2025 está disponível no site do Operador e traz as avaliações das condições de atendimento ao mercado previsto de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN) para os próximos cinco anos. O ONS afirma que, assim como os anos anteriores, o sistema apresenta um desequilíbrio em termos de potência. 

“Os resultados deste relatório mostram um aprofundamento do déficit estrutural para atendimento ao requisito de potência e conforme já alertado pelo Operador anteriormente, nos fazem recomendar ao Poder Concedente que organize tempestivamente leilões anuais para contratar recursos para aumentar a oferta do atributo potência”, ressalta Alexandre Zucarato, diretor de Planejamento do órgão.

Além do horário de verão, um pacote de ações foi recomendado para suprir uma demanda de 2 GW. Indicação de obras e ações para o segundo semestre, como a conclusão de quatro linhas de transmissão que serão entregues ainda em 2025, e a utilização do mecanismo de Resposta da Demanda, são outras ações sugeridas como a preservação dos recursos hídricos para atravessar o período com o menor impacto.

Pessoas envolvidas nas discussões ouvidas pela EXAME afirmam que a medida está em avaliação pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). A definição do colegiado não garante a medida.

A decisão final é do governo Lula. No ano passado, o governo discutiu a possibilidade, mas decidiu por não implementar o Horário de Verão, descontinuado desde 2019 pelo então governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para que serve e por que se discute voltar com o Horário de Verão?

Nas contas da ONS, o horário de verão poderá economizar até 2,5 GW de despacho térmico no horário de ponta, o que reduziria custos e contribuiria para a eficiência do Sistema Interligado Nacional (SIN), ampliando a capacidade de atendimento das 18h às 21h.

A avaliação é que, com o pôr do sol, cerca de 20% da energia gerada sai do sistema, exigindo maior necessidade de ajustes no setor, com a entrada de outras fontes.

Quando o horário de verão vai começar se for aprovado por Lula?

Historicamente, o horário de verão começava em meados de outubro/novembro até fevereiro/março de cada ano. A decisão precisaria ser aprovada em agosto para vigorar ainda este ano.

Caso o governo decida pela volta do horário de verão, Lula deve editar um decreto para que a medida entre em vigor num prazo de 30 a 60 dias.

Quem acabou com o horário de verão e por quê?

O então presidente Jair Bolsonaro decidiu revogar o horário de verão em abril de 2019, alegando que a medida tinha pouca efetividade na economia energética. Instituído em 1931 no Brasil, o horário de verão funcionou continuamente de 1985 até 2019.

Acompanhe tudo sobre:Horário de verãoGoverno LulaJair BolsonaroEnergiaEnergia elétrica

Mais de Brasil

Estiagens e enchentes desafiam modelo dos contratos de saneamento, diz CEO da Aegea

Juliana Marins: laudo brasileiro confirma que jovem morreu por hemorragia interna e politraumatismo

Câmara aprova urgência de projeto que corta em 10% benefícios tributários no país

PEC da Segurança: relator retira prerrogativa da União de legislar sobre segurança pública