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Voluntários em testes começam a descobrir se tomaram placebo ou Coronavac

Por ser um teste duplo-cego, metade teve aplicada uma dose sem efeito nenhum, e por isso também terá prioridade na vacinação

Coronavac: o uso emergencial do imunizante no Brasil foi aprovado pela Anvisa no último domingo e possui eficácia de 53,38% (Amanda Perobelli/Reuters)

Coronavac: o uso emergencial do imunizante no Brasil foi aprovado pela Anvisa no último domingo e possui eficácia de 53,38% (Amanda Perobelli/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de janeiro de 2021 às 18h06.

O grupo de 1,4 mil voluntários que participou do teste da Coronavac no Brasil começou a descobrir, desde quinta-feira, 21, se recebeu as duas doses da vacina contra a covid-19 ou se tomou placebo. Por ser um teste duplo-cego, metade teve aplicada uma dose sem efeito nenhum, e por isso também terá prioridade na vacinação. Todos os participantes são profissionais da saúde.

O ginecologista Hsu Chic Chin, 62 anos, médico formado pela USP, relatou ao Estadão todos os passos de quem participa de um teste. Ele ainda não foi informado se tomou o imunizante e está ansioso pela resposta. "Sou diabético, hipertenso e colesterol alto, já tive enfarte. Estou aguardando com paciência", disse.

Chin hoje tem uma clínica particular e é chefe de plantão aos domingos no Hospital Leonor Mendes de Barros, na zona leste de São Paulo. "Tomei as duas doses. Não tive efeito nenhum, nada. Vai ver tomei o placebo, vai saber", contou.

Em um prédio ao lado da enfermaria e da UTI no Emílio Ribas, fica o setor de vacinação. Foi lá que todos esses voluntários se submeteram ao teste da Coronavac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac junto com o Instituto Butantã. O uso emergencial do imunizante no Brasil foi aprovado pela Anvisa no último domingo e possui eficácia de 53,38%.

Chin compareceu pela última vez ao Emílio Ribas há duas semanas para entregar seu diário de anotações, 14 dias após receber a segunda dose da vacina. Antes de tomar a primeira, ele passou por uma consulta de quase quatro horas. Respondeu a um questionário, realizou exame físico, de sangue e também fez o teste do cotonete, o RT-PCR. Em seguida, aplicaram o imunizante. Aguardou por mais duas horas para verificar se teria alguma reação. Passou por nova checagem e foi liberado.

"A cada dois, três dias, recebia mensagem por Whatsapp perguntando como estava me sentindo", explicou. Diariamente, tinha também que preencher um caderninho com cerca de 20 perguntas: se tinha febre, dor de cabeça, inchaço, diarreia...

Depois de 14 dias, recebeu a segunda dose. Ao chegar no Emílio Ribas, o mesmo processo. Exames, testes, aplicação do imunizante e mais duas horas de observação. Novo exame, e foi liberado. A próxima visita está pré-agendada para o fim de fevereiro. Isso se tiver tomado a vacina. Todos que participam do teste serão monitorados a cada três meses pelos próximos dois anos.

"Esse período corresponde à fase quatro do teste clínico (da Coronavac), que é quando é analisado os efeitos da vacina e sua duração". Se tiver recebido o placebo, deverá receber a primeira dose da vacina nas próximas semanas.

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