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Ana Fontes: “Empreendedora, nunca é tarde para se educar financeiramente”

Presidente da Rede Mulher Empreendedora destaca a importância da capacitação em gestão financeira para o sucesso dos negócios

 (Foto/Getty Images)

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André Martins

Publicado em 18 de novembro de 2020 às 21h51.

Última atualização em 18 de novembro de 2020 às 22h10.

A pesquisa “Empreendedoras e Seus Negócios 2020”, realizada pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora, apontou que entre as principais dificuldades enfrentadas nos empreendimentos, a gestão financeira é a principal razão que tira o sono de homens e mulheres, seguida por divulgação e vendas.

Ainda segundo o estudo, a busca por capacitação foi uma aposta das mulheres empreendedoras para encarar a pandemia e suas consequências. Cerca de 65% das mulheres entrevistadas já participaram de cursos focados em empreendedorismo para melhorar seus processos e diversificar produtos e serviços. Em contrapartida, 53% dos empreendedores do sexo masculino já buscaram capacitação, mas seu interesse está voltado para os assuntos financeiros, principalmente.

Se a parte financeira é a base para os negócios independentemente do gênero de quem os lidera, por que ainda permanece essa espécie de empecilho sobre o assunto quando estamos falando das empresárias? Mesmo com o boom nas redes sociais sobre investimentos, reserva de emergência, renda fixa, mercado de ações e aposentadoria, o assunto não consegue mobilizar esse público em sua totalidade.

Atribuo a isso, além da falta de educação financeira no período escolar (dados de uma pesquisa do Ibope, encomendada pelo C6 Bank, mostra que apenas 21% das pessoas tiveram educação financeira até os 12 anos de idade), às falas que muitas mulheres, senão todas, ouviram durante suas vidas: “dinheiro é assunto de homem”, “mulheres não são boas em exatas” e “certos assuntos não podem ser discutidos por vocês”.

Recentemente vi uma palestra que me inspirou bastante! Sendo uma mulher 50+, ouvir Janina Jacino, empreendedora desde 1987 (formada em ciências contábeis, especialista em neurociência da aprendizagem e que atualmente trabalha com educação financeira), falando sobre o dinheiro e longevidade deu-me um novo fôlego para somar minha voz a esse assunto.

Adendo: quero lembrar que não é a minha intenção pressionar mulheres para serem perfeitas e para que dominem todas as áreas de um negócio, porque delegar também é importante. Quero, sim, incentivar essa parcela da população a ir contra a corrente, que por anos liderou a gestão dos negócios, e a entender como funciona um fluxo de caixa, quanto que ela ganha, como ela pode fazer uma precificação justa e uma reserva de emergência para amortecer choques, por exemplo.

Não podemos continuar permitindo que esses condicionamentos limitantes implantados desde a mais tenra idade permaneçam em nossas vidas como vieses inconscientes.

O empreendedorismo cresceu e bateu recorde nesta pandemia, e o estudo “Empreendedoras e Seus Negócios 2020” mostra também que na questão da digitalização as mulheres deram um show, estudaram, adequaram-se e pediram ajuda. Elas driblaram os impactos da crise graças às mudanças gerenciais, investindo principalmente na digitalização dos negócios.

Na hora de escolher os meios digitais para alavancar seus negócios, 75% apostaram nos aplicativos de mensagens e 72% nas redes sociais, por exemplo. Mas a atenção à parte financeira é também essencial para aumentar lucros, mudar de direção e conquistar autonomia de forma mais ágil.

Faço essa chamada geral porque a necessidade de desenvolver essa coragem para falar sobre e lidar com o dinheiro não é um assunto somente das mulheres. A mesma pesquisa do Ibope que citei acima mostrou que os pais têm papel essencial nesse tipo de educação. Além disso, o reconhecimento dos privilégios e tentativas de diminuir desigualdades são ações sempre bem-vindas.

A pesquisa expôs, por exemplo, que a atuação da família na educação financeira dos filhos é maior nas classes mais altas. Na classe A, 57% dos entrevistados afirmaram ter aprendido finanças pessoais em casa, contra 38% na classe C.

A busca pela igualdade, por uma sociedade mais justa, com oportunidades para todos, também passa pela educação financeira. Poder público, setor privado e organizações sociais podem e devem aproveitar cada vez mais esse espaço para levar esse tipo de aprendizado. Palestras, projetos, campanhas, entre outras ações são sempre bem-vindas!

*Ana Fontes é fundadora e presidente da Rede Mulher Empreendedora – RME

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