Bússola

Um conteúdo Bússola

Cerveja e cigarros devem ficar mais caros com a reforma?

As modificações no formato do sistema tributário trarão novas mudanças para o setor público e privado

Lei complementar definirá o novo imposto  (Adermark Media/Getty Images)

Lei complementar definirá o novo imposto (Adermark Media/Getty Images)

Bússola
Bússola

Plataforma de conteúdo

Publicado em 18 de julho de 2023 às 14h00.

Última atualização em 18 de julho de 2023 às 14h12.

A reforma tributária, aprovada em segundo turno pela Câmara dos Deputados, prevê a criação de um imposto seletivo (IS) sobre a produção, comercialização ou importação de produtos prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente. Entre os produtos que podem ser taxados pelo IS estão os agrotóxicos, cigarros e bebidas alcoólicas. O novo imposto, no entanto, será definido posteriormente por meio de lei complementar. Não se sabe se os preços vão aumentar ou não.

Edson Vismona, presidente do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), observa com preocupação qualquer possibilidade de aumentar impostos que já são elevados. “Se tivermos isso, vamos entregar de vez produtos como cigarros e bebidas para o contrabandista, porque ele não paga nada de imposto. É muito importante um sistema fiscal e tributário que possa contribuir com o combate ao comércio de mercadorias ilícitas, já que é notório que o imposto impacta o preço final de qualquer produto. Qualquer aumento de tributo favorece o contrabando.”

Segundo o Instituto Ipec, em 2022, só o mercado ilícito de cigarros desfalcou a arrecadação de impostos no Brasil em R$ 8,3 bilhões. A considerar os demais produtos contrabandeados, como vestuário, eletrônicos, entre outros, a perda foi de R$ 129 bilhões. “Esses grupos conseguem prosperar atuando de forma ilícita, com uso de violência e imposição do medo na população, gerando lucros altos, turbinados pela sonegação.”

Vismona destaca, ainda, estudos que mostram que toda vez que o governo elevou a tributação sobre o cigarro, esperando ampliar a arrecadação, o mercado respondeu de forma inversa. Ele cita o estudo “Elasticidades no Mercado Brasileiro de Cigarros”, dos pesquisadores Mario Margarido, Pery Shikida e Daniel Komesu. “Apesar da maior incidência de tributos sobre os cigarros, que subiu 67% no período de janeiro de 2012 a setembro de 2021, a arrecadação registrou uma tendência de queda ano a ano a partir de 2014.” É que, com o preço alto do cigarro legal, o consumidor migra para o ilegal, que não paga impostos, e derruba a arrecadação. 

Isso porque, segundo o Instituto Ipec, a diferença de preço entre o cigarro comum e o ilegal é de 61%, em que o cigarro legítimo tem um preço médio de R$ 8,18, enquanto o ilícito tem a média de R$ 5,08. Por conta de tal diferença, em estados como o de São Paulo, cerca de 85% dos cigarros ilegais são vendidos em estabelecimentos legais.

Próximos passos da reforma

A PEC da reforma tributária ainda passará pelo crivo do Senado. Há, também, as leis complementares a serem analisadas. O período de transição para unificar os tributos vai durar sete anos. A partir de 2033, os impostos atuais serão extintos.

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube

Veja também

Márcio de Freitas: As mãos cheias

Reforma tributária: arrecadação é o maior desafio

Tribunal Federal barra transferência da Eldorado para a Paper Excellence

Acompanhe tudo sobre:Reforma tributáriaComércioCigarrosCervejas

Mais de Bússola

Climatechs: o setor emergente que pode transformar a resposta do Brasil à crise climática

Brasil recebe congresso de educação ambiental para países falantes da língua portuguesa

Distribuição pode ser fator determinante no crescimento do mercado de seguros na América Latina

Com educação, agronegócio pode acelerar modernização causando impacto social positivo