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Contágio e mortes aceleram, mas vacinação finalmente ganha velocidade

Semana deve trazer a marca de 500 mil mortes pela covid-19 no Brasil

Mesmo com vacinação acelerada, contingente de pessoas suscetíveis à doença é muito alto. (SeongJoon Cho/Bloomberg)

Mesmo com vacinação acelerada, contingente de pessoas suscetíveis à doença é muito alto. (SeongJoon Cho/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2021 às 18h51.

Por Marcelo Tokarski*

Na semana em que deve atingir a trágica marca de 500.000 vidas perdidas para o coronavírus, a pandemia de covid-19 volta a avançar no Brasil. Pela primeira vez em 34 dias, a média móvel de mortes retornou à casa das 2.000 por dia neste domingo. O patamar atual é o maior desde 10 de maio, quando estava em 2.087 mortes diárias, depois de o indicador ter passado 55 dias consecutivos acima dos 2.000 óbitos diários.

Além de voltar a matar mais, a pandemia também está com o contágio acelerado. A média móvel atingiu neste domingo 66.529 novos casos registrados por dia. É a maior média em dois meses, o que comprova a tendência de aceleração da contaminação em boa parte do país. E a aceleração de casos sempre projeta aumento de mortes nas próximas semanas.

O Brasil já registrou oficialmente 487.401 mortes por covid-19 desde o início da pandemia. A última semana terminada neste domingo, dia 13, foi a mais letal das últimas cinco semanas, com 13.997 vítimas. Mantida essa tendência nos números, no próximo domingo o Brasil deve atingir 500.000 mortes. Será o segundo país a superar essa triste barreira. O outro são os Estados Unidos, com pouco mais de 615 mil óbitos até aqui.

UTIs

Com o contágio em aceleração, a ocupação dos leitos de UTI segue crescendo em todo o país. No final da semana passada, dados divulgados pela Fiocruz mostraram que em 21 das 27 unidades da Federação a taxa de ocupação das unidades de Tratamento Intensivo está acima de 80%, nível já considerado crítico pelos especialistas.

Desses 20 estados mais o Distrito Federal, em 12 UFs a taxa de ocupação já supera a casa dos 89%: Tocantins (94%), Maranhão (90%), Ceará (93%), Rio Grande do Norte (94%), Pernambuco (97%), Alagoas (91%), Sergipe (99%), Paraná (96%), Santa Catarina (97%), Mato Grosso do Sul (107%), Goiás (90%) e Distrito Federal (90%). Nos outros nove estados, a taxa está entre 80% e 89%: Roraima (87%), Piauí (88%), Paraíba (80%), Bahia (84%), Minas Gerais (82%), Rio de Janeiro (81%), São Paulo (82%), Rio Grande do sul (84%) e Mato Grosso (87%).

Cenário semelhante se dá em 17 das 27 capitais. Doze estão com taxas de ocupação de leitos de UTI igual ou acima de 90%: Palmas (93%), São Luís (97%), Teresina (número estimado acima de 90%), Fortaleza (95%), Natal (93%), Maceio (90%), Aracaju (98%), Rio (92%), Curitiba (102%), Campo Grande (106%), Goiânia (91%) e Brasília (98%). Em outras cinco capitais, a ocupação está entre 80% e 90%: Boa Vista (87%), Belém (88%), Recife (86%), Salvador (81%) e Florianópolis (88%).

O que vem pela frente

Todos os dados nos indicam que as próximas semanas devem ser de más notícias nas curvas da pandemia. Com os casos em aceleração forte e as UTIs se aproximando cada vez mais de um possível colapso, a média móvel de mortes, que já voltou a subir, tende a crescer no curto prazo.

Isso porque o Brasil ainda tem milhões de pessoas suscetíveis ao coronavírus. A vacinação atingiu por enquanto 25,8% da população, sendo que 14,6% tomaram somente a 1ª dose, enquanto apenas 11,2% estão imunizados com as duas doses da vacina. Esses patamares de imunização ainda são insuficientes para frear o crescimento de casos e mortes. De acordo com os infectologistas, somente quando atingirmos a imunidade entre 50% e 60% da população deve haver um impacto mais significativo nas curvas da pandemia.

A boa notícia é que a vacinação voltou a ganhar ritmo na maior parte do Brasil. Na última semana, a média diária de doses aplicadas saltou de 706 mil para 929 mil, um crescimento de 32%. Muitos estados já traçaram metas de vacinar toda a população acima de 18 anos até setembro, no máximo outubro. Os mais atrasados devem conseguir até o final de 2021, início de 2022. Mesmo que atrasado em relação ao que poderia ter sido, esse é o novo fio de esperança.

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