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ESG: sua empresa também pode entrar na luta para salvar a Amazônia

Na coluna desta semana, Renato Krausz fala sobre o movimento Impacto Amazônia, que conclama corporações de todos os setores a assinar compromisso pela floresta em pé

Movimento foi criado pelo Pacto Global da ONU no Brasil (Paulo Amorim/Getty Images)

Movimento foi criado pelo Pacto Global da ONU no Brasil (Paulo Amorim/Getty Images)

Renato Krausz
Renato Krausz

Sócio-diretor da Loures Consultoria - Colunista Bússola

Publicado em 5 de outubro de 2023 às 11h14.

Última atualização em 5 de outubro de 2023 às 12h03.

Vamos supor que uma empresa fabrique chaleiras no Chuí e outra tranqueiras em Trancoso, o fato de estarem a milhares de quilômetros da maior floresta do mundo não tira delas a opção de serem signatárias do Movimento Impacto Amazônia, nova iniciativa da Rede Brasil do Pacto Global da ONU lançada no mês passado, em Nova Iorque, e ontem, em Manaus. Até porque a preservação da floresta é vital para a sobrevivência em todas as outras regiões do Brasil e no resto do mundo. E não é só isso. Vejam, a chaleira pode ser de alumínio ou de ferro, e toda tranqueira é de madeira, portanto deve-se saber de onde essas matérias-primas vieram.

Não à toa, 82% dos danos ambientais causados no bioma da Amazônia se originam de demandas e ofertas de empresas que não operam na região, de acordo com uma pesquisa recente do World Resources Institute. E aí vai outro dado alarmante aferido pelo próprio Pacto Global em levantamento realizado com mais de 160 empresas integrantes da Rede brasileira: 79,27% delas nunca analisaram o risco da cadeia de fornecimento em relação ao envolvimento com o desmatamento da Amazônia.

Por essas e outras, o que pretende o Movimento Impacto Amazônia é arregimentar corporações em prol de dois objetivos inadiáveis: enfrentar o desmatamento e manter a floresta em pé, o que inclui proteger o clima global. Não é possível dar cabo da empreitada sem promover o desenvolvimento econômico que advém quando o foco é dado no aproveitamento e na conservação da sociobiodiversidade da região. O Movimento estará fortemente empenhado nesta frente.

Algumas grandes empresas já estão imbuídas deste propósito e atuam na floresta em fecundas parcerias com comunidades locais. O conhecimento que essas comunidades possuem, aliás, é primordial para enfrentar a devastação. Um estudo do ISA (Instituto SocioAmbiental) de 2022 apontou que as Terras Indígenas e as Reservas Extrativistas apresentaram melhor performance na proteção das florestas quando comparadas até mesmo com Unidades de Conservação e APAs (Áreas de Proteção Ambiental).

As empresas que aderirem ao Movimento assumem o compromisso de, até 2030, implementar iniciativas e projetos que assegurem que a operação e a cadeia de valor da companhia não contribuam com o desmatamento e promovam ações para manter a floresta em pé. 

A Eletrobras e a Ambipar são as embaixadoras do Movimento. Após o lançamento ontem em Manaus, o Pacto Global dará início aos convites para que empresas de todos os setores assinem a carta de compromisso. Se você é dono de uma, não importa se é de chaleiras, tranqueiras ou qualquer outro produto ou serviço, pense bem. E assine. Porque a floresta em pé poder ser uma das últimas alternativas de redenção para a humanidade neste mundo em ebulição.

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