As participantes da roda de conversa (FutureBrand São Paulo/Divulgação)
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Publicado em 30 de setembro de 2025 às 07h00.
Fortalecer o empreendedorismo negro “não é caridade, mas uma questão de economia e política”. A reflexão foi proposta pela filósofa e ativista Djamila Ribeiro, durante a roda de conversa “Potências que Movem,” promovida pela FutureBrand São Paulo.
Na companhia de outras grandes executivas brasileiras, Djamila também ressaltou que a lógica da escravidão ainda impacta a percepção coletiva sobre o consumo da população negra.
“Não podemos mais naturalizar o imaginário de que as pessoas negras estão sempre em posições de menor destaque. De onde vem a percepção de que se um homem negro dirigindo um carro de luxo é por que ele é motorista? Ou a hipersexualização da mulher negra? Das teorias racistas do século XIX. Embora, atualmente, saibamos que isso não é correto e tenhamos avançado em muitas questões, ainda há muito o que construir para a transformação da percepção”, analisou.
O encontro foi mediado por Karen Fontana, CCSO da FutureBrand São Paulo. A empresa atua como ecossistema de gestão de marcas, cultura e negócios. Entre as convidadas estavam:
Karen Fontana, destacou que para as mudanças acontecerem, de fato, “é preciso colocar as questões do afroconsumo no centro das decisões de negócios. Do contrário, temos ações frágeis e pouco estratégicas”, afirmou a especialista.
Para Adriana Barbosa, o consumo negro já não pode mais ser visto apenas pela lógica mercadológica, mas como expressão de identidade e posicionamento político.
“Quando olhamos para o presente, vemos que se inicia a sofisticação do consumo, que agora traz nuances da questão da identidade. É como se as pessoas negras dissessem: ‘se eu não me vejo, eu não compro”, destacou a fundadora da Feira Preta.
Durante sua fala, Adriana também trouxe dados de uma pesquisa de 2023, que ajudam a entender o cenário:
Djamila concluiu o evento explicando como o racismo estrutural ainda influencia as escolhas de mercado e a representação publicitária.
“As marcas ainda têm resistência, por exemplo, em estrelar pessoas negras no mercado de luxo. Se, historicamente, campanhas de produtos que não necessariamente eram consumidos só por pessoas brancas, como creme dental e margarina, eram protagonizadas apenas por elas, por que não podemos ocupar outros espaços diferentes do imaginário já estabelecido?”, questionou a filósofa.