Bússola

Um conteúdo Bússola

Inflação de alimentos recua, mas energia mantém pressão no orçamento das famílias, aponta pesquisa

Dinâmica inflacionária pode forçar famílias mais vulneráveis a cortar a qualidade e quantidade da alimentação para cobrir as despesas básicas de moradia

Segundo o Pacto Contra a Fome, é necessário foco no monitoramento contínuo e em políticas públicas (3yephotography/Getty Images)

Segundo o Pacto Contra a Fome, é necessário foco no monitoramento contínuo e em políticas públicas (3yephotography/Getty Images)

Bússola
Bússola

Plataforma de conteúdo

Publicado em 15 de julho de 2025 às 13h00.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho registrou uma desaceleração geral de 0,24%. Pela primeira vez em nove meses, o grupo de Alimentação e Bebidas registrou queda de preços, enquanto os custos de Habitação pressionaram o orçamento dos brasileiros. É o que revela o mais recente Boletim Mensal de Monitoramento da Inflação dos Alimentos, divulgado na última segunda-feira pelo Instituto Pacto Contra a Fome

  • O grupo Alimentação e Bebidas registrou deflação (-0,18%). 
  • Itens básicos como ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e diversas frutas, como a laranja-pera (-9,19%), ficaram mais baratos. 

Essa melhora é atribuída à safra recorde de grãos em 2025 e à valorização do real (abaixo de R$ 5,60 por dólar), que alivia a pressão sobre insumos importados. 

Mas energia e custos de moradia apresentam contradição

Em junho, os grupos de Habitação (+0,99%) e Transportes (+0,27%) voltaram a pressionar o IPCA. A energia elétrica residencial saltou 2,96% e as tarifas de água e esgoto subiram 0,59%. Para as famílias de menor renda, esses são gastos incomprimíveis,ou seja, que não há possibilidade de corte ou adiamento. 

"Essa queda nos preços dos alimentos é um respiro bem-vindo para milhões de famílias que vinham sentindo o peso da alta contínua nos últimos meses", afirma Ricardo Mota, gerente de Inteligência Estratégica do Instituto Pacto Contra a Fome. "No entanto, é crucial observar o cenário completo. O alívio nas gôndolas não significa que o orçamento parou de apertar”

O boletim destaca que, embora o IPCA e o INPC (que mede a inflação para famílias de até 5 salários mínimos) tenham variações semelhantes em junho, as oscilações nos preços dos alimentos pesam proporcionalmente mais no orçamento das famílias de menor renda

“A mensagem de junho não é a desinflação, mas uma mudança na composição da inflação”, destaca Ricardo. “Mesmo com um alívio no preço dos alimentos, a conta de luz e água segue subindo, e isso pode forçar as famílias mais vulneráveis a fazerem escolhas difíceis, como cortar a qualidade e quantidade da alimentação para cobrir as despesas básicas de moradia”.

A análise da elasticidade-renda mostra que itens básicos como arroz e feijão, mesmo com preços em queda, continuam tendo seu consumo expandido pelas famílias de baixa renda. O consumo de itens mais nutritivos, como frutas e laticínios, é altamente sensível ao poder de compra. Isso ressalta a importância de programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, que não apenas aumentam o acesso a alimentos, mas também promovem uma dieta mais saudável. 

Custo da ‘cesta ideal’ 

O custo da cesta NEBIN, composta por alimentos in natura e minimamente processados, alcançou R$ 423 por pessoa em junho, valor abaixo do último trimestre e menor que no mesmo período de 2024. Em abril, quando o Pacto Contra a Fome lançou o cálculo, a cesta custava R$ 432; já em maio, R$ 441. A baixa indica uma melhora na acessibilidade à alimentação saudável. 

Segundo o Pacto Contra a Fome, é necessário foco no monitoramento contínuo e em políticas públicas que considerem a complexidade da inflação e seus impactos desiguais no acesso à alimentação adequada e na segurança alimentar das famílias brasileiras. 

Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube 

 

Acompanhe tudo sobre:FomeAlimentaçãoEnergia elétricaIPCA

Mais de Bússola

Opinião: liderança de sucesso não é sobre mandar, é sobre educar

Julho Sem Plástico: o que empresas estão fazendo para transformar resíduos em impacto social?

Esses são os 3 principais desafios do varejo eletrônico personalizado

65% das equipes de pré-vendas já utilizam IA, mas de maneira amadora, aponta pesquisa