(Bianca Moreno/ISA/ARSX/Divulgação)
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Publicado em 9 de junho de 2025 às 07h00.
Ao longo dos últimos 17 anos, a técnica ‘muvuca de sementes’, utilizada pela Rede de Sementes do Xingu (RSX) possibilitou a recuperação de mais de 10 mil hectares de áreas degradadas da bacia hidrográfica dos rios Xingu e Araguaia.
A entidade foi selecionada para ser apoiada pelo Projeto Floresta Viva, e projeta recuperar mais 200 hectares nos próximos quatro anos. A meta é resposta direta à rápida degradação do Cerrado, que ultrapassou os registros da floresta amazônica em 2023.
Segundo relatório do Map Biomas, o bioma Cerrado representou 61% do total de desmatamento no país, enquanto a Amazônia respondeu por 25% da área desmatada.
O Projeto Floresta Viva é realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com apoio da Norte Energia, o Fundo Vale e do Grupo Energisa. Apoiando projetos de restauração ecológica, como o da RSX, a iniciativa visa o combate às mudanças climáticas e o avanço da estratégia ESG das empresas envolvidas.
O nome é quase autoexplicativo. Na técnica, os mais de 700 coletores de sementes fazem uma mistura de sementes com ciclos de vida e funções biológicas distintas e complementares, estrategicamente pensada para estruturar uma nova floresta no futuro.
“A muvuca é distribuída por meio da técnica de semeadura direta, buscando imitar a dispersão conforme a dinâmica da floresta”, explica Renato Nazário, técnico de Restauração Ecológica na instituição.
As plantas originadas dessas sementes se adaptam melhor ao ambiente, aumentando sua resistência a condições adversas.
Além disso, a muvuca permite a restauração de grandes áreas degradadas, simulando os processos naturais de sucessão florestal e contribuindo para a recuperação da fertilidade do solo, retenção de água e regulação do clima.
Os agentes da RSX são comunidades rurais e indígenas, técnicos, pesquisadores, empresas e grandes proprietários de terras.
4 Expedição Restauração Ecológica (Bianca Moreno/ISA/ARSX/Divulgação)
Os benefícios da muvuca também transcendem a recuperação ambiental. A comercialização das sementes impulsiona a geração de renda e o empoderamento feminino, com 76% da força de trabalho composta por mulheres. A coleta em grupo fortalece os laços comunitários e promove a saúde mental, com relatos da melhora em quadros de depressão e ansiedade.
Ao ingressar na Rede de Sementes do Xingu em 2012, Vera Alves, uma moradora de 55 anos de Nova Xavantina, experimentou uma transformação significativa em sua vida. Ela relata que, anteriormente, trabalhava muito e tinha pouco tempo para os filhos.
Com o trabalho na RSX, Vera conquistou mais tempo para a família, independência financeira e a possibilidade de adquirir bens como moto, carro e melhorar sua casa.
“Eu vivo da semente. Em tudo, em toda parte. Eu como semente, eu bebo semente, eu durmo com a semente. Porque eu não tenho outra renda, né? Minha renda só é de semente mesmo”, ela diz, e reforça que a Rede de Sementes do Xingu não só se tornou sua principal fonte de renda como também contribuiu para seu crescimento pessoal e bem-estar geral.
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