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MindFlow: quando as emoções do líder viram as maiores inimigas dele

Entenda como novos líderes podem transformar instabilidade emocional em diferencial de liderança

 (Liubomyr Vorona/Getty Images)

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Publicado em 3 de junho de 2025 às 10h00.

Por Cecilia Ivanisk, CEO da Learn to Fly

Você sentiu que ao assumir sua primeira posição de liderança suas emoções ganharam uma nova intensidade? Pode ter sentido bastante confiança para trazer novas ideias e, logo depois, uma ansiedade quase te paralisou antes de uma apresentação importante. Ou talvez você tenha mantido uma aparência calma quando na verdade estava super frustrado por conta de um pequeno erro.

Essa montanha-russa emocional tem nome: instabilidade emocional. E quando você carrega a responsabilidade da liderança, ela não apenas se intensifica como passa a afetar sua tomada de decisão, a cultura do seu time e até determinar seu sucesso ou fracasso. Mas, calma! Sentir tudo isso não significa que você não está pronto para liderar, apenas que vai precisar colocar ordem na casa.

Como funciona nosso cérebro

Imagine seu equilíbrio emocional como um termostato interno. Quando bem regulado, ele responde às mudanças do ambiente. Mas e quando está desregulado? A temperatura dispara ou despenca sem muito controle.

Quando sentimos emoções intensas, nosso cérebro ativa a amígdala (centro de processamento emocional) e reduz a atividade no córtex pré-frontal (responsável pelo pensamento racional). Em situações de pressão, isso pode ser ainda mais intenso, explicando porque pessoas normalmente racionais têm reações desproporcionais, mesmo que invisíveis aos outros. Isso porque a instabilidade emocional pode se manifestar silenciosamente, sendo igualmente prejudicial.

Na primeira liderança, este termostato é constantemente testado. As pressões são múltiplas: ser firme sem ser autoritário, mostrar resultados enquanto cuida das pessoas, parecer seguro mesmo cheio de dúvidas. Como seu cérebro tem respondido a essas demandas?

Os 5 gatilhos da instabilidade

Você provavelmente recebeu treinamento em liderança para delegar tarefas e dar feedback, certo? Mas quem te ensinou a cuidar da frustração quando seu projeto foi cancelado? Ou da ansiedade antes de uma apresentação?

Infelizmente, é raro falarmos sobre como lidar com emoções desafiadoras no ambiente corporativo. E quando nos tornamos líderes, essas emoções ganham uma nova dimensão. Nossa raiva agora intimida. Nosso medo contagia. Nossa tristeza desmotiva. O impacto é exponencial.

Existem cinco principais gatilhos emocionais que podem comprometer nosso desempenho, e reconhecê-los é o primeiro passo para gerenciá-los:

  1. Suscetibilidade ao estresse: o novo líder costuma enfrentar demandas para as quais ainda não desenvolveu resiliência. Quando as exigências parecem maiores do que se pode dar conta, o estresse aparece.

  2. Humor oscilante: a responsabilidade aumenta suas variações naturais de humor, criando uma gangorra entre confiança e autocrítica, o que drena sua energia.

  3. Irritabilidade: o famoso “pavio curto” surge quando as coisas fogem do planejado e reagimos de forma desproporcional a pequenos contratempos. Pode aparecer como falta de paciência com pessoas e processos.

  4. Impulsividade: a pressão para provar seu valor pode levar a decisões precipitadas. Você tem feito escolhas que, em momentos mais calmos, evitaria?

  5. Ansiedade: a preocupação com o futuro e possíveis falhas podem paralisar ou levar ao microgerenciamento, comprometendo sua tomada de decisão e a autonomia da equipe.

Estratégias para o equilíbrio emocional

Pesquisas mostram que líderes com alta inteligência emocional criam ambientes mais produtivos e engajados. Três estratégias simples podem ajudar:

  1. O espaço entre estímulo e resposta: existe uma pequena pausa entre sentir uma emoção e agir. Quando a emoção surgir, respire fundo e pergunte: “Preciso reagir agora ou posso esperar?”

  2. Nomeie para domesticar: a pesquisadora Lisa Feldman Barrett demonstra que, quanto melhor identificamos nossas emoções, melhor as gerenciamos. “Estou preocupado com a reação da diretoria à minha apresentação” é muito mais útil que “estou ansioso”.

  3. Seu plano B emocional: prepare respostas para seus gatilhos. Por exemplo: “Se me sentir perdendo o controle numa reunião, vou sugerir um intervalo de 5 minutos.”

Sua instabilidade emocional, quando trabalhada conscientemente, pode se transformar em seu maior diferencial como líder. Pesquisas mostram que experiências desafiadoras, quando bem processadas, podem expandir nosso repertório psicológico e nos tornar mais adaptáveis. Na prática, nossas vulnerabilidades podem se transformar em forças: relações mais autênticas, decisões equilibradas e uma capacidade única de navegar em ambientes de alta pressão.

Então, na próxima onda de emoção intensa, lembre-se: não é a intensidade de suas emoções que definirá sua liderança, mas sua habilidade de navegar por elas com consciência. Pronto para transformar sua instabilidade emocional na sua vantagem competitiva?

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