Se a Geração Alpha busca resultados rápidos e concretos, a formação técnica os coloca diante de problemas reais da indústria (Rawpixel/Getty Images)
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Publicado em 26 de setembro de 2025 às 15h00.
Última atualização em 26 de setembro de 2025 às 17h40.
Por Júlio Egreja*
Hiperconectada e questionadora, a Geração Alpha valoriza autonomia, independência e participação ativa. Também conhecidos como Gen A, são os nascidos a partir de 2010 até 2025. Curiosos, práticos e preocupados com o futuro do planeta.
O termo “hiperconectada” não é exagero. A pesquisa Panorama, realizada pela Mobile Time e pela Opinion Box, mostra que 44% das crianças brasileiras de até 12 anos têm seu próprio smartphone e passam quase quatro horas por dia conectadas.
Pesquisas do Fórum Econômico Mundial mostram dados complementares e sinalizam para uma geração que aprende de forma autônoma, adapta-se rapidamente a ferramentas emergentes e busca experiências de aprendizado práticas e interativas.
Sim, mas enfrenta uma grave escassez profissional no país. Enquanto nos países desenvolvidos cerca de 40% dos jovens optam por essa formação, no Brasil a taxa é de apenas 11%, segundo a OCDE.
E a indústria ilustra bem esse descompasso. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que, até 2027, as fábricas brasileiras precisarão contratar 2,2 milhões de novos trabalhadores, com aumento de 4,4% nas vagas de nível técnico.
O avanço da Indústria 4.0 é o motor dessa transformação, exigindo profissionais capazes de atuar em automação, manutenção de sistemas, eletrônica e programação.
O futuro da indústria é promissor, mas depende de engajarmos essa geração nativa digital, imediatista, que aprende melhor pela prática, colaborativa e preocupada com a sustentabilidade.
Com cursos estruturados a partir da tecnologia, pautados na aprendizagem aplicada e em busca constante de soluções sustentáveis, a educação técnica na área industrial fala a mesma língua da Geração Alpha.
Se o imediatismo dessa geração busca resultados rápidos e concretos, a formação técnica os coloca diante de problemas reais da indústria. Se são movidos por causas, encontram um setor em plena transformação, que busca eficiência com compromisso ambiental. E se não desejam uma única profissão para a vida, o ensino técnico oferece múltiplos caminhos, desde a entrada imediata no mercado até o uso do conhecimento para empreender e propor soluções inovadoras.
É necessário oferecer experiências práticas que deem sentido ao aprendizado e mostrem como inovação e tecnologia se aplicam em diferentes setores, da saúde à manufatura.
Algumas iniciativas já buscam alinhar o ensino técnico às expectativas dessa nova geração, é o caso das Escolas Técnicas Roberto Rocca, iniciativa global do Grupo Techint.
Com unidades no México, na Argentina e, mais recentemente, no Brasil, em Santa Cruz (RJ), construída pela Ternium, a rede forma profissionais altamente qualificados para a indústria a partir de metodologias como STEM e a aprendizagem baseada em projetos, promovendo experiências práticas que conectam o aprendizado ao mundo real.
A formação técnica que pretende atrair a Geração Alpha não pode seguir um modelo engessado, baseado em longas horas diante de um quadro.
Esses jovens nasceram em um mundo interativo. Para eles, aprender está diretamente ligado a experimentar, criar e participar. Os currículos precisam ser dinâmicos, conectados a projetos práticos e a desafios reais.
Para uma geração que enxerga propósito como fator decisivo, a indústria oferece um campo fértil para conectar os valores à prática profissional. Dessa forma, os Alpha podem resgatar o interesse pela carreira industrial, rompendo antigos estigmas e ajudando a reposicionar o setor como espaço de inovação, criatividade e impacto social.
Para a nova geração, a indústria não precisa ser sinônimo apenas do chão de fábrica, mas também de robôs, sensores, energia limpa, inovação tecnológica e soluções que melhorem o mundo.
*Júlio Egreja, é diretor da Escola Técnica Roberto Rocca.