Tecnologia e práticas regenerativas podem alavancar agricultura mais sustentável (Thomas Barwick/Getty Images)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 27 de outubro de 2025 às 15h00.
Por Elizeu dos Santos*
É fato que o Brasil, potência mundial na produção de alimentos, tem uma responsabilidade gigante. O agronegócio representa cerca de um quarto do PIB nacional e, segundo o IBGE, dedicamos 33% da área total do país à agricultura.
Diante dessa escala, é crucial tratarmos o cuidado com o solo não apenas como um discurso ambiental distante, mas como um sistema vivo, que é a base de toda a nossa riqueza.
É nesse contexto que a agricultura regenerativa ganha força, propondo uma transformação profunda. Mais que um conjunto de técnicas, é uma nova forma de olhar para a terra: um sistema que precisa de cuidado e equilíbrio para continuar a produzir.
É um modelo que busca ativamente restaurar a saúde do solo, proteger os recursos naturais e, acima de tudo, garantir a produtividade de longo prazo.
Em um cenário de mudanças climáticas aceleradas e crescente escassez de recursos hídricos, é crucial refletirmos sobre essa relação do produtor com a terra.
A relevância deste debate é global: a agricultura regenerativa se configura como o próximo estágio de uma produção inteligente, sendo inclusive tema central de grandes eventos internacionais, como a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que acontece no Pará, e a Agritechnica, principal feira mundial de máquinas agrícolas realizada na Alemanha.
Ao usar a tecnologia para devolver ao solo o que dele é retirado, fechamos um ciclo virtuoso. Uma vez que o produtor tem acesso a dados, automação e equipamentos mais eficientes, pode produzir mais, desperdiçar menos e, ao mesmo tempo, cuidar da terra.
O avanço das tecnologias digitais no campo é um dos fatores que tornam isso possível. De acordo com um estudo da Embrapa, 84% dos produtores brasileiros já utilizam pelo menos uma ferramenta digital em suas atividades.
Esse dado mostra um avanço de uma agricultura mais conectada, que garante maior eficiência e permite um uso mais consciente dos recursos naturais que se tornam cada vez mais escassos, considerando os desafios climáticos em que vivemos.
O papel da tecnologia é justamente criar as condições para que o produtor trabalhe de forma mais sustentável. Quando falamos de agricultura regenerativa, estamos cuidando do solo, mas também discutindo eficiência e energia limpa. É um ecossistema, tudo está conectado.
O grande desafio é crescer sem esgotar os recursos que tornam esse crescimento possível. A tecnologia necessária já existe e está acessível. Cabe ao setor adotar essa visão de futuro, oferecendo as ferramentas e o conhecimento para que o avanço da agricultura caminhe de mãos dadas com a preservação do nosso futuro.
Elizeu dos Santos é especialista em agronegócio e gerente de Marketing de Produto da Valtra.