Especialista dá dicas de como evitar o superendividamento (Tom Werner/Getty Images)
Plataforma de conteúdo
Publicado em 27 de junho de 2025 às 15h00.
Última atualização em 27 de junho de 2025 às 15h02.
Por Dayana Xavier*
Nos últimos anos, a economia brasileira tem apresentado um cenário de crescimento moderado, mas com desafios significativos que impactam diretamente o orçamento das famílias. A inflação permanece como um desafio para o poder de compra dos brasileiros, gerando um aperto no orçamento doméstico e aumentando o risco de endividamento excessivo.
Pesquisa recente divulgada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) aponta que o endividamento das famílias brasileiras tem aumentado nos últimos meses. A inadimplência também está em alta, com 29,1% das famílias tendo dívidas em atraso e 12,7% afirmando não poder pagá-las. As dívidas comprometem, em média, 30% da renda das famílias, o que indica que as pessoas podem estar menos propensas a realizar gastos. E o impacto maior é justamente nas famílias mais vulneráveis.
Para evitar cair na armadilha do superendividamento, é fundamental adotar práticas financeiras conscientes e responsáveis. Faça um orçamento detalhado para conhecer sua realidade financeira e planejar o pagamento das dívidas. Adeque seu padrão de vida à sua renda, cortando gastos desnecessários e evitando comprometer o seu orçamento. Pequenas economias diárias, como reduzir serviços pouco usados e economizar energia, ajudam a equilibrar as finanças.
Confira algumas dicas que são essenciais para prevenir esse problema. Vale ficar atento e segui-las com foco e determinação.
Conhecer detalhadamente suas receitas e despesas é o primeiro passo para evitar o superendividamento. Um planejamento financeiro permite identificar gastos essenciais e supérfluos, ajudando a organizar o pagamento das contas e a definir metas para poupar e quitar dívidas.
Reduza despesas desnecessárias e acompanhe todos os gastos diários para evitar compras por impulso. Pequenas economias no dia a dia podem fazer grande diferença no orçamento mensal.
O parcelamento pode comprometer o orçamento futuro. Se precisar parcelar, evite o uso do crédito rotativo do cartão.
Sempre que possível, opte pelo pagamento à vista, especialmente em contas fixas como impostos e matrículas escolares.
Se já estiver endividado, priorize a renegociação das dívidas com juros mais elevados, buscando condições que caibam no seu orçamento e evitem a inadimplência.
Rendas adicionais podem ajudar a quitar dívidas e evitar novos empréstimos, além de proporcionar maior tranquilidade financeira.
Quite primeiro as dívidas com juros altos, como cartão de crédito e cheque especial. Um crédito consignado, com taxas de juros menores, pode ser uma alternativa para diminuir o custo total da dívida e facilitar o controle financeiro.
Ao consolidar suas dívidas em um único empréstimo, com parcelas fixas e descontadas diretamente da folha de pagamento ou benefício, você ganha maior previsibilidade e controle sobre suas finanças, evitando surpresas e o risco de inadimplência.
No entanto, é fundamental avaliar o impacto das parcelas no orçamento mensal para evitar comprometer a renda e garantir que o empréstimo seja uma solução sustentável.
Anote todas as dicas e seja resiliente para colocá-las em prática, com planejamento e consciência. Tenha sempre em mente que você é a pessoa que mais irá se beneficiar e ninguém irá fazer esse trabalho no seu lugar. Práticas financeiras responsáveis são as melhores ferramentas disponíveis para evitar o superendividamento.
Tem se tornado cada vez mais comum o movimento de consumidores que, ao enfrentarem dificuldades financeiras, ingressam com ações judiciais para suspender descontos de empréstimos ou reestruturar dívidas. No entanto, é preciso fazer um alerta: o caminho judicial deve ser a última alternativa, reservado apenas para situações de real abuso por parte das instituições financeiras.
Há casos em que esse instrumento tem sido utilizado como manobra para suspender descontos legalmente contratados, enquanto novos empréstimos continuam sendo tomados. Essa prática pode ser interpretada como litigância de má-fé, além de comprometer seriamente o histórico de relacionamento do consumidor com o sistema financeiro, dificultando futuras concessões de crédito.
Por isso, antes de tomar qualquer atitude judicial, é fundamental tentar um acordo direto com os credores. Em muitos casos, é possível renegociar condições, consolidar dívidas e reequilibrar o orçamento com bom senso e planejamento.
É essencial adotar uma postura consciente e responsável em relação às finanças pessoais. Evitar o superendividamento não é um processo rápido, mas é possível com disciplina, planejamento e escolhas bem orientadas. Cada atitude tomada hoje contribui para construir um amanhã mais estável e seguro.
Lembre-se: ninguém fará isso por você. Mas, ao assumir o controle da sua vida financeira, você se torna o principal agente da sua liberdade e tranquilidade no futuro.
*Dayana Xavier é CEO da Lecca Financeira e fundadora da BTW.
Siga a Bússola nas redes: Instagram | Linkedin | Twitter | Facebook | Youtube