Nem tudo são flores no uso da IA (imaginima/Getty Images)
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Publicado em 15 de maio de 2025 às 10h00.
Por Claudia Elisa Soares*
A inteligência artificial generativa (gen AI) está rapidamente se tornando uma das forças mais disruptivas no mundo dos negócios. É uma revolução silenciosa, mas poderosa, que está redefinindo a maneira como trabalhamos, pensamos e até mesmo como nos relacionamos.
Não estamos diante de “apenas” mais uma transformação tecnológica, mas sim de uma densa e profunda transformação cultural. A IA está proporcionando um necessário repensar nos papéis, valores, cadeias, cargos e hierarquias dentro das estruturas de trabalho, onde nada será como antes. Em meio a essa transformação, surge uma pergunta: quem realmente dominará o futuro dentro das empresas: os bytes ou os humanos?
O estudo "Superagency in the Workplace: Empowering People to Unlock AI’s Full Potential" da McKinsey, realizado no final do ano passado com 3.613 funcionários e 238 C-levels de diversos países revelou que 92% dos executivos planejam aumentar significativamente seus investimentos em IA nos próximos três anos.
Faz sentido. Com cerca de dois anos de uso, a Inteligência Artificial Generativa já deu provas do que é capaz, da reestruturação de planos de marketing inteiros à criação de produtos e serviços até então impensáveis . Essa pequena amostra foi suficiente para que se deflagrasse uma grande corrida para ver quem consegue mais rapidamente incorporar essa nova tecnologia para otimizar processos e gerar mais lucros.
E as empresas sabem que estamos vendo apenas a ponta do iceberg e que há um longo caminho pela frente. Na própria pesquisa, apenas 1% dos respondentes avaliam que suas empresas detém certa maturidade de domínio da ferramenta o que, na minha avaliação, é uma visão equivocada ou um índice superestimado.
A AI, com todo o seu potencial, parece não encontrar limites no horizonte. Precisamos de coragem para sonhar grande e de humildade para reconhecer que, nesta jornada, somos todos aprendizes. Acredito que faltam muitos anos de testes e calibragens até chegarmos a certo nível de maturidade.
Apesar de todas as benesses, nem tudo são flores no uso da IA. Implementá-la não envolve exclusivamente questões tecnológicas, já que estamos falando sobre pessoas e mudanças de paradigmas. As empresas enfrentam desafios significativos, como a necessidade de alinhar a liderança e gerenciar custos e talentos. A falta de clareza sobre o retorno sobre o investimento e a necessidade de requalificação da força de trabalho são pontos que não podem ser ignorados.
Neste sentido, é necessário que todos dentro das organizações, do presidente do Conselho ao estagiário, vejam estes desafios como oportunidades de inovação e crescimento. A IA não substitui, mas complementa o talento humano, liberando-nos para focar em tarefas mais criativas e significativas.
Um dos aspectos mais encorajadores do estudo da McKinsey é a confiança dos colaboradores em suas lideranças na implementação da IA de forma segura e ética. Setenta e um por cento dos funcionários confiam que suas empresas farão o que é certo. Essa confiança é um ativo inestimável, mas também uma responsabilidade.
Líderes devem cultivar essa confiança através de transparência e engajamento. Precisamos de uma abordagem que coloque as pessoas no centro da transformação digital. Isso significa investir em treinamento contínuo para que os profissionais entendam seu valor e seus papéis dentro dessa nova configuração e criar um ambiente onde a inovação seja incentivada e valorizada.
Fato é que o futuro da IA é promissor e as as empresas que conseguirem integrá-la de forma eficaz, inclusiva e equitativa terão uma vantagem competitiva relevante. Podemos usar essa tecnologia para não apenas impulsionar lucros, mas também resolver problemas sociais e melhorar a vida das pessoas.
O estudo da McKinsey é um lembrete poderoso de que a IA transcende a questão de tecnologia, envolvendo também visão estratégica e liderança humanizada. As empresas que prosperarão neste novo mundo serão aquelas que veem a IA como uma oportunidade para reimaginar o futuro para si mesmas e para a sociedade em geral.
Neste momento em que a Inteligência Artificial está se tornando cada vez mais integrada às nossas vidas, é crucial que não percamos de vista o que realmente importa: as pessoas. A revolução da IA é uma revolução humana e o que está em jogo é como podemos usar essa tecnologia para criar um mundo melhor.
E isso, como sempre, está em nossas mãos.
*Claudia Elisa Soares é especialista em ESG e transformação de negócios e líderes e conselheira em companhias abertas e familiares
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