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Por que o aporte do Brasil no Fundo Florestal é estratégia corporativa?

Principal aposta do País para a COP30, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), surge como uma ferramenta para destravar US$ 100 bilhões do setor privado

Investimento de de US$ 1 bi demonstra compromisso do país que é liderança global na preservação ambiental  (PMB/Divulgação)

Investimento de de US$ 1 bi demonstra compromisso do país que é liderança global na preservação ambiental (PMB/Divulgação)

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Publicado em 28 de outubro de 2025 às 07h00.

Uma das principais entregas brasileiras na COP 30, que será realizada no mês que vem em Belém (PA), será o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) que busca criar um modelo de investimento inovador para a conservação global. 

A proposta, encabeçada pelo Brasil, tem como meta arrecadar US$ 25 bilhões de nações investidoras e, a partir daí, alavancar US$ 100 bilhões do mercado privado.

O primeiro aporte financeiro foi anunciado em setembro durante a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, um investimento de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões).

Durante a Semana do Clima de Nova York, ocorreu um dos primeiros encontros dedicados ao TFFF que reuniu executivos, especialistas e representantes de associações empresariais em um debate sobre o futuro do financiamento das florestas tropicais e o papel da iniciativa privada nesse processo. 

O evento foi organizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), em parceria com a Philip Morris International (PMI).

O setor privado tem demonstrado sintonia com o modelo proposto pelo fundo

Para Branko Sevarlic, CEO da Philip Morris Brasil, o TFFF “cria um cenário onde preservar florestas tropicais se torna financeiramente mais vantajoso do que desmatar”

A companhia está desenvolvendo um projeto chamado Perfect Forest, que possui um conceito de Soluções Baseadas na Natureza (NbS) tendo como objetivo a preservação de recursos florestais

  • O projeto buscará nutrir um tipo de crescimento florestal planejado que imita perfeitamente a natureza e tem como propósito promover o sequestro de carbono. 
  • Ele stá em fase embrionária no país e a previsão é que seja implementado na região sul do Brasil, em uma área de 6 mil hectares de Mata Atlântica.

A declaração de Sevarlic reflete a transformação pela qual passa a Philip Morris International, que tem como meta tornar obsoleto seu principal produto, o cigarro. 

“Estamos investindo em ciência para substituir o cigarro e, no futuro, parar de vendê-lo. Há uma sintonia entre esse esforço e a liderança climática do Brasil”, destaca Sevarlic. 

Desde 2008, a companhia destinou mais de US$ 14 bilhões para pesquisas e estudos científicos sobre alternativas sem fumaça, que representaram 41% da receita líquida global da empresa no primeiro semestre de 2025.

Para Jennifer Motles, Chief Sustainability Officer (CSO) da Philip Morris International, a transição exige “coragem, transparência e parcerias sólidas”. “Não é uma mudança de um dia para o outro, mas um processo de longo prazo que exige a colaboração de toda a sociedade”, afirma.

 O Brasil na liderança climática

“O Brasil vai liderar pelo exemplo e se tornar o primeiro país a se comprometer com investimento no fundo”, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Nova York. Lula fez questão de enfatizar que a iniciativa “é um investimento na humanidade e no planeta, contra a ameaça de devastação pelo caos climático.

Desde a COP28, realizada em Dubai, em 2023, o Brasil tem desempenhado um papel de liderança na criação do fundo.

 “Eu acredito sinceramente que essa iniciativa pode ser um grande legado desta COP. Agora, depende, como tudo que diz respeito ao meio ambiente, da boa vontade do mundo rico”, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao programa ‘Bom Dia, Ministro’.

Segundo Haddad, o país foi ousado em duas frentes: ao levar a COP para o coração da Amazônia e ao anunciar o aporte antes mesmo dos países desenvolvidos. 

“Foi uma grande ousadia colocar as pessoas do mundo inteiro para conhecer a realidade amazônica. A segunda ousadia foi no discurso da ONU ao dizer que o Brasil se compromete com R$ 1 bilhão de dólares para o fundo. Ou seja, países ricos não põem a mão no bolso e o Brasil diz: ‘eu vou entrar com um bilhão de dólares’”, explicou.

Inovação financeira e liderança global

De acordo com Diane Holdorf, vice-presidente executiva do WBCSD, o fundo representa o modelo de inovação financeira necessário para impulsionar investimentos em escala de paisagem.

“As empresas precisam de co-investimento porque não conseguem atuar sozinhas nesse nível. Quando os recursos chegam às comunidades locais, a diferença é enorme”, pontua. 

Marina Grossi, presidente do CEBDS e enviada especial para o setor privado na COP30, ressalta que o TFFF coloca o Brasil no protagonismo das discussões climáticas globais. 

“Estamos provando que é possível construir um modelo de preservação que dure para sempre, que seja simples e que funcione tanto aqui quanto em experiências internacionais”, explica.

O aporte do Brasil ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) representa mais do que um investimento; é um passo audacioso para estabelecer um modelo de financiamento inovador, com potencial de transformar compromissos climáticos em ações financeiras concretas

Ao se tornar o primeiro país a aderir, o país demonstra sua liderança global e a convicção de que a preservação ambiental é uma estratégia corporativa eficaz para mitigar riscos nas cadeias de suprimentos globais.

Como principal aposta brasileira para a COP30, o sucesso do TFFF dependerá, contudo, da adesão e de parcerias sólidas com o setor privado, essenciais para mobilizar o capital necessário e garantir que o valor econômico da floresta em pé perdure "para sempre". 

 

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