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Qual o modelo ideal de distribuição de energia para garantir segurança elétrica no Brasil?

Além das redes subterrâneas, voltar o olhar para fontes de energia limpa tem se mostrado promissor

É imprescindível um planejamento estratégico (Adobe Stock)

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Publicado em 20 de agosto de 2025 às 10h00.

Por Diego Guillen e Edson Martinho

Um estudo divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética, órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia, revelou que eventos climáticos são responsáveis por 43% das falhas nas linhas de transmissão de energia no Brasil. Esse dado nos leva a apontar a rede de distribuição aérea como a principal vilã, dado que este modelo está mais suscetível a danos causados por fortes rajadas de vento e, consequentemente, a queda de árvores e galhos durante as tempestades, por exemplo.

Estes episódios podem expor a população a fios danificados e ainda energizados, além de representar riscos para os profissionais encarregados do reparo. Para se ter uma ideia dos perigos atrelados à segurança elétrica, um levantamento da Abracopel apontou que, somente em 2024, 759 acidentes fatais com energia foram registrados no país.

Investimentos em redes de distribuição subterrâneas

Diante deste cenário, uma das soluções mais discutidas é o investimento em redes de distribuição subterrâneas, que representam apenas 0,4% da rede de distribuição nacional, de acordo com a Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), muito devido ao alto custo atrelado, o que leva ao seguinte questionamento: qual o modelo ideal de distribuição de energia para garantir segurança elétrica frente as mudanças climáticas no Brasil?

Em 2024, quando o Estado do Rio Grande do Sul foi acometido por eventos climáticos, observou-se que a rede de distribuição de energia majoritariamente aérea da cidade de Porto Alegre foi essencial no suporte aos moradores da região.

Isso porque, graças ao monitoramento rigoroso do serviço de meteorologia e do nível da água pelas concessionárias, foi possível manter os cabos energizados por mais tempo, já que eles só precisaram ser desligados quando a inundação chegou a menos de um metro de distância da rede.

Naquele contexto, em que muitos moradores ficaram ilhados e dependiam de energia para se comunicar, essa manobra fez toda a diferença. Caso a rede fosse subterrânea, as galerias teriam que ser desligadas assim que os primeiros sinais de inundação fossem identificados, deixando a cidade sem energia muito antes.

Soluções concretas a longo prazo

O exemplo da capital gaúcha, por sua vez, evidencia a complexidade do gerenciamento da rede de distribuição de energia frente às crises climáticas. Afinal, a garantia da segurança elétrica não está atrelada necessariamente à substituição da rede aérea pela subterrânea. É preciso encontrar equilíbrio entre os diferentes modelos de distribuição, assim como destinar mais atenção e recursos à manutenção e acompanhamento das estruturas.

A diversificação da rede e a transição para fontes de energia limpa são passos importantes, mas que precisam ser pensados com visão de longo prazo, para que os resultados sejam sustentáveis. Capacidade para isso, o Brasil tem. O relatório da Agência Internacional de Energia Renovável apontou que o país encerrou 2024 na 3ª colocação do ranking mundial de energia renovável, atingindo 213 GW de capacidade instalada.

No entanto, para colocar essas ações em prática, é imprescindível um planejamento estratégico, um acompanhamento próximo e um processo de manutenção preventiva de qualidade. Assim, mais que segurança elétrica, será possível manter o mundo funcionando com menor custo, mais eficiência e em consonância com as demandas emergentes de sustentabilidade.

*Diego Guillen é engenheiro e especialista nas verticais de Energia e Transporte, atua há anos como Gerente de Contas Estratégicas na Fluke do Brasil, companhia líder mundial em ferramentas de teste e medição presente em diversos segmentos da indústria.

*Edson Martinho é CEO da Abracopel e Coordenador Pedagógico na Fluke Academy.

 

 

 

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