Quem constrói uma marca precisa tratá-la como patrimônio da empresa, porque é exatamente isso que ela é (Filmstax/Getty Images)
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Publicado em 12 de setembro de 2025 às 07h00.
Imagina ter uma sacada genial para o nome da empresa, construir uma marca de sucesso, reconhecida por milhões de seguidores nas redes sociais, preparar uma nova fase para escalar o negócio e descobrir que alguém já tem os direitos do nome da sua empresa. Isso pode acontecer.
Para o empreendedor, especialmente os pequenos e médios, o processo de registrar uma marca pode parecer burocrático e complicado, mas evitá-lo pode causar dores de cabeça muito maiores.
Isso porque, no Brasil, o direito exclusivo sobre um nome nasce do registro formal no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), não do tempo de uso. Então é importante garantir os direitos ainda no começo da jornada, pois qualquer um pode registrar o nome.
“Registrar a marca é mais do que um cuidado jurídico. É uma decisão estratégica. É o que garante tranquilidade para crescer, franquear e negociar com investidores sem o risco de precisar mudar de nome justamente quando o negócio começa a dar certo”, diz Amanda Charif, advogada empresarial especialista em .
Charif atua ao lado de pequenas e médias empresas na construção da base jurídica que permite crescer com segurança. Convidamos a advogada para listar 5 passos simples para empreendedores registrarem suas marcas sem complicações.
Antes de qualquer coisa, é fundamental verificar se o nome desejado já não pertence a outra empresa ou se é parecido a ponto de gerar confusão no mercado. Essa análise prévia também avalia se a marca escolhida cumpre os requisitos legais para ser registrada e, assim, evita que o empreendedor invista tempo e dinheiro em algo que pode ser negado pelo INPI.
O registro de marca não é universal; ele protege sua empresa dentro de um segmento de atuação específico. O INPI utiliza um sistema de classes que cataloga produtos e serviços.
É crucial definir corretamente em qual (ou quais) das 45 classes sua empresa se enquadra. Registrar na classe errada pode deixar seu negócio desprotegido no seu principal mercado de atuação.
Com a viabilidade checada e a classe definida, o próximo passo é reunir os documentos necessários (como contrato social, documentos pessoais e o logotipo, se houver) para dar entrada no pedido junto ao INPI. O processo é feito online e, uma vez protocolado, gera um número que permite o acompanhamento de todas as etapas.
O registro não é aprovado imediatamente. Após o protocolo, o pedido de registro passa por etapas internas dentro do INPI e será publicado na Revista da Propriedade Industrial (RPI), o que marca o início de um período aberto para que outras empresas possam apresentar oposição ao seu registro. O INPI então analisa o processo, o que pode levar meses.
É vital acompanhar as publicações para não perder prazos de eventuais manifestações ou recursos, sob pena de ter o processo arquivado.
Se não houver nenhum impedimento, o INPI defere o pedido. O titular deve então pagar as taxas de concessão para obter o certificado de registro. A proteção é válida por 10 anos em todo o território nacional e pode ser prorrogada por iguais períodos.
"Quem constrói uma marca precisa tratá-la como patrimônio da empresa, porque é exatamente isso que ela é. E é o registro que transforma esse patrimônio em um direito exclusivo”, diz Charif.
Com o crescimento do marketing digital e da presença online, a marca da empresa está em todos os lugares: Instagram, site, embalagem, cartão de visita, fachada, documentos. Proteger esse nome é garantir que a identidade construída com esforço seja realmente sua.