Carreira

Ainda tem lugar para os humanos no pódio?

No SXSW Londres, a escalada exponencial da IA levanta uma questão incômoda: enquanto máquinas evoluem a cada mês, a desigualdade avança ainda mais rápido — e nem toda filantropia é suficiente para equilibrar esse jogo

ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI, destaca-se como uma ferramenta poderosa para análises financeiras (Freepik)

ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI, destaca-se como uma ferramenta poderosa para análises financeiras (Freepik)

Oficina Consultoria
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Autor colaborador

Publicado em 26 de junho de 2025 às 08h00.

Em sua palestra no SXSW Londres, Azeem Azhar disse que “AI scaling is outpacing Moore’s Law.” Todos os meses o GPT fica melhor pelo mesmo custo.

Isso me fez pensar em quanto tempo os humanos, apenas pensando em nós como máquinas e na nossa capacidade computacional, levam pra evoluir. Spoiler: não é mensal. A gente leva uma vida inteira pra conseguir pensar um pouco melhor, dormir um pouco mais em paz, mudar uma ideia errada. E mesmo assim, só se tiver sorte, terapia, e tempo livre.

Enquanto isso, a inteligência artificial escala. E, com ela, os ganhos de quem controla os servidores. Nos últimos dez anos, enquanto o GPT ficava mais potente, o mundo ficou mais concentrado. Hoje, 1% das pessoas detêm quase metade da riqueza global. Só os ultra rich – aquela galera com mais de US$ 30 milhões – somam 0,003% da população, mas controlam mais de 6% da grana do planeta.

Se a capacidade da IA cresce com menos custo a cada mês, a concentração de renda também cresce… mas com menos pudor. É quase um parallel processing cruel: enquanto uns ficam mais inteligentes com máquinas, outros só ficam mais ricos com os dados dessas máquinas. E com as decisões que elas informam.

E aí chegamos no tal Billionaire Pledge. Aquela promessa de doar metade da fortuna, que parecia revolucionária nos anos 2000, virou só mais uma estratégia de branding para alguns. E agora tem gente querendo taxar mais as fundações? Talvez o foco devesse ser outro: entender por que o sistema precisa desses pledges. Se houvesse um cap na concentração de renda, talvez não precisasse.

Porque se o mesmo dólar compra uma IA mais poderosa a cada mês… por que ele compra cada vez menos dignidade para a maioria das pessoas?

Em tempo, eu sou tão fã do Bill Gates, do Warren Buffet e de vários outros billionaires que estão melhorando o mundo. Meu ponto é claro, não precisam ficar bravos com meu comentário.

 

* Fefa Romano é Executiva Global de Marketing e Conselheira da Oficina Consultoria

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