Carreira

‘Aprendi muito mais do que ensinei’: conheça o mentor que aprendeu a ouvir

De professor de inglês a mentor de executivos, Glaucius Correa encontrou na escuta ativa e em um programa da Saint Paul o caminho para transformar performance em propósito

Glaucius Corrêa, diretor de vendas da SAASDPO e fundador de uma empresa de mentoria (Arquivo Pessoal)

Glaucius Corrêa, diretor de vendas da SAASDPO e fundador de uma empresa de mentoria (Arquivo Pessoal)

Publicado em 22 de outubro de 2025 às 15h30.

Durante anos, Glaucius Correa acreditou que sucesso era sinônimo de trabalho incansável. Dono de algumas panificadoras no interior de São Paulo aos vinte e poucos anos, mergulhou no empreendedorismo com a mesma intensidade com que, mais tarde, enfrentaria uma falência.

“Aquele período foi duro, mas me fez repensar tudo: onde eu colocava o foco, o que eu queria construir e o tipo de pessoa que eu queria ser”, relembra ele, que hoje é diretor de vendas na SAASDPO.

Hoje, aos 53, ele é fundador de uma empresa de mentoria que acompanha executivos e empresários em processos de autoconhecimento e performance. Mas seu percurso até esse ponto não foi linear,foi um longo exercício de escuta ativa, ressignificação e legado.

‘Aprendi muito mais do que ensinei’

Formado em Biologia, Glaucius começou a dar aulas de inglês apenas para pagar a faculdade. O que seria um “bico” virou uma carreira: durante 12 anos, ensinou executivos e líderes de multinacionais.

“Eu costumava dizer que aprendi muito mais do que ensinei”, conta. Dentro das empresas, ele observava o comportamento humano com fascínio, desde as dinâmicas de poder, os valores e até os dilemas de quem lidera.

A convivência com o mundo corporativo despertou nele uma inquietação: queria empreender, criar algo próprio. Fundou negócios em tecnologia, especializando-se em GovTech — sistemas de tecnologia e dados voltados para aproximar cidadãos e gestores públicos.

A empresa cresceu, mas, com o tempo, ele começou a sentir falta de algo mais profundo: “Eu queria olhar mais para as pessoas. Deixar um legado”.

Autoconhecimento

A virada veio aos 50  anos. Depois de décadas empreendendo, Glaucius decidiu voltar o olhar para dentro. “Eu queria entender quem era o Glaucios na fila do pão. Como eu funcionava, como me comportava.”

O interesse antigo por filosofia e psicanálise o levou à Saint Paul, onde conheceu o Programa Avançado para CEOs, Conselheiros e Presidentes (SEER).

“Assisti a uma aula aberta sobre Neurociência e Estresse e pensei: ‘onde eu assino?’”, recorda. O curso, voltado para líderes em busca de autodesenvolvimento e visão sistêmica, foi um divisor de águas. “O SEER me ajudou a compreender o poder da escuta e como ela é a base de qualquer liderança.”

O poder da escuta

Desde pequeno, Glaucius carrega uma lição simples da avó: Papai do Céu fez a gente com dois ouvidos e uma boca.

A frase, que parecia um ditado popular, ganhou novo significado. “Aprendi que ouvir é primordial antes de se manifestar. Quando a gente fala sem escutar, corre o risco de julgar, de ser precipitado, de interpretar mal o outro.”

Para ele, a escuta ativa é o primeiro passo de qualquer processo de mentoria, gestão ou convivência. “Às vezes, alguém diz algo que não se encaixa naquele ambiente, mas isso não significa que a pessoa esteja errada. Ela pode estar apenas no lugar errado. O papel de quem lidera é compreender, não punir.”

Essa filosofia tornou-se o eixo central de seu trabalho como mentor. “Meu foco é ajudar as pessoas a crescerem profissionalmente e, naturalmente, quando você se desenvolve profissionalmente, também cresce como pessoa.”

Performance com propósito

Glaucius orienta desde executivos de grandes empresas até empreendedores em fase inicial, como seu personal trainer. Um de seus mentorados é gestor empresarial e, outro, dono de uma agência de marketing.

Todos têm algo em comum: querem performar melhor. Mas ele avisa logo: “Alta performance sem propósito não sustenta ninguém. O que sustenta é saber por que você faz o que faz.”

Para ele, o maior obstáculo das pessoas não é a falta de competência, mas o peso das crenças limitantes. Essa percepção se intensificou em uma das vivências do SEER: uma visita a Ouro Preto, onde refletiu sobre nossas heranças psicológicas: “pessoas que se sentem presas a trabalhos e rotinas que não refletem seu verdadeiro potencial.”

“Mentoria não é sobre dar respostas, mas sobre fazer as perguntas certas — e ouvir o que o outro tem a dizer.”

O SEER reforçou essa visão. “A experiência me mostrou que conhecimento técnico é importante, mas o que realmente transforma é a capacidade de se escutar e de escutar o outro.”

 

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