Luiza Vilanova: "É uma alegria muito grande, mas ao mesmo tempo, com isso vem uma responsabilidade muito maior" (Divulgação/Divulgação)
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Publicado em 27 de outubro de 2025 às 15h34.
No dia em que recebeu seu diploma da Columbia University, em Nova York, Luiza Vilanova não comemorava só a formatura.
Vinda de uma família humilde de Goiânia, viu seus antigos diretores de escola cruzarem o Atlântico para estar ali.
Ao refletir sobre momentos marcantes de sua trajetória antes da formatura, ela lembra de quando estava sentada na biblioteca de Columbia, lendo a biografia de Barack Obama: “Quando me vi nessa posição de estar sentada no mesmo lugar onde ele estava lendo foi muito importante pra eu perceber o tamanho da conquista que eu estava tendo.”
Três anos depois, essa responsabilidade ganhou contornos históricos. Luiza se tornou a primeira brasileira a receber a bolsa Rhodes, que a levará para estudar em Oxford. “É uma alegria muito grande, mas ao mesmo tempo, com isso vem uma responsabilidade muito maior de garantir que eu não sou a única,” diz.
Durante a graduação, Luiza fundou o Tocando em Frente, hoje presente em escolas do Acre ao Rio Grande do Sul, impactando mais de 14 mil crianças. A organização desenvolve projetos de educação para reduzir a evasão escolar e ampliar oportunidades para crianças em todo o Brasil. “Para mim, a educação é a alavanca mais poderosa que existe,” explica.
O projeto passou longe de despercebido: ganhou diversos prêmios de impacto social, participou do The Wall, com Luciano Huck, e conquistou o prêmio LED, da Globo e da Fundação Roberto Marinho, que reconhece práticas inovadoras em educação. Sob a liderança da Luiza, o Tocando agora testa intervenções com inteligência artificial para reduzir a evasão escolar, expandindo alcance e impacto.
“O meu maior sonho é muito claro: quero garantir que todas as crianças consigam realizar todos os seus sonhos. A maioria do que vejo ser possível é através da educação,” diz Luiza.
A decisão de ir para Oxford também veio de incentivo de amigas próximas. “Se não fossem amigas muito próximas, me falando: ‘se inscreve, você consegue, você também merece estar lá,’ eu nunca teria nem me inscrito”, conta. Ela confessa que nunca havia considerado fazer menstrado: “Se eu contar para “eu” do freshman year que ia fazer um mestrado… eu olharia na minha cara e falaria: você está ficando doida.”
Em Oxford, Luiza pretende explorar educação comparada e política pública, conectando teoria e prática. Ela explica que vai para a universidade aberta a novas experiências, com ideias iniciais sobre sua tese: “Eu quero muito conseguir explorar a temática de vazão escolar, conseguir garantir que eu testo o que a gente está fazendo no Tocando de uma maneira muito sistematizada e explorar uma nova internet que a gente está lançando. Estou superanimada para isso.”
Entre suas ambições pessoais, está também a curiosidade de participar de aulas com a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, e até quem sabe remar ao lado de Emma Watson, que também está fazendo seu mestrado em Oxford e faz parte do time universitário de remo. Ela brinca: “Quem sabe a gente não vê que é amiga também.”
Para Luiza, o sucesso não se mede apenas em bolsas e reconhecimentos. É na transformação de vidas, na possibilidade de ampliar oportunidades, que ela vê o verdadeiro impacto de sua trajetória. E enquanto planeja sua jornada em Oxford, a pergunta que paira é: até onde essa história extraordinária ainda vai?