Carreira

Como saber se você está em uma ‘jornada de trabalho infinita’?

Estudo da Microsoft revela o impacto da’ jornada sem fim’ nas empresas e como a inteligência artificial pode ser a chave para combater o esgotamento mental

Pesquisa mostra que às 6h da manhã, 40% dos usuários do Microsoft 365 já estão verificando seus e-mails, e as jornadas se estendem até altas horas da noite, com 16% das reuniões sendo agendadas após as 20h (NoSystem images/Getty Images)

Pesquisa mostra que às 6h da manhã, 40% dos usuários do Microsoft 365 já estão verificando seus e-mails, e as jornadas se estendem até altas horas da noite, com 16% das reuniões sendo agendadas após as 20h (NoSystem images/Getty Images)

Publicado em 8 de julho de 2025 às 07h34.

Última atualização em 8 de julho de 2025 às 10h10.

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Se você tem horário para COMEÇAR a trabalhar e não para TERMINAR, se já virou parte da rotina atender ligações do chefe à noite ou nas férias, ou responde às diversas mensagens do trabalho no WhatsApp ou e-mail durante o fim de semana de descanso – você está vivendo o que o mercado chama de “jornada de trabalho infinita”.

Uma pesquisa do Microsoft deste ano, complementando o Work Trend Index 2025, traz dados que comprovam essa “jornada infinita” hoje – e ela começa cedo.

O estudo mostra, por exemplo, às 6h da manhã, 40% dos usuários do Microsoft 365 já estão verificando seus e-mails, e as jornadas se estendem até altas horas da noite, com 16% das reuniões sendo agendadas após as 20h.

Esse ritmo frenético é alimentado por múltiplas interrupções ao longo do dia, seja por e-mails, mensagens no Teams ou reuniões.

Às 8h, o Microsoft Teams ultrapassa o e-mail como principal canal de comunicação, acelerando o ritmo do dia: o trabalhador médio recebe 153 mensagens no Teams por dia útil. 

Durante o horário de trabalho, em média, os funcionários são interrompidos a cada dois minutos — 275 vezes por dia — por reuniões, e-mails ou chats. “Isso resulta em uma sobrecarga de tarefas e dificulta e muito a concentração”, afirma Tartuci.

O resultado dessa “obesidade de informação” durante o dia, atreladas com reuniões que tomam as horas mais produtivas, faz com que muitos funcionários separem o meio da tarde para realizar tarefas focadas, como análise de dados e redação - mas as interrupções continuam.

“Muitas dessas atividades acabam sendo levadas para casa, no momento que era para o lazer. O home office e o trabalho híbrido ajudaram a levar o computador para casa, mas se o funcionário não coloca limites, ele perde a noção de como viver desconectado do trabalho”, diz Tartuci.

Por isso a pressão também se estende ao final de semana, com quase 20% dos trabalhadores verificando seus e-mails no sábado e domingo, e um aumento nas atividades no período noturno.

IA: a possível saída para o “esgotamento digital”

A tecnologia de alguma forma ajudou os funcionários a se dedicarem mais ao trabalho do que foi combinado no contrato de trabalho, mas segundo Tartucci ela também pode ser uma saída, principalmente para os mais impactados pelo esgotamento digital – os líderes.

"À medida que você sobe na hierarquia, você se torna cada vez mais solicitado. O trabalho nunca tem fim. A percepção de que, por ser liderança, você precisa estar sempre disponível, responder e-mails a qualquer hora, é um grande desafio, mas fato é que esse expediente sem fim não se restringe apenas aos líderes”, diz a mentora Bia Tartuci, que já foi diretora de RH de grandes empresas como Lufthansa e Zara.

É nessa era digital que o estudo da Microsoft mostra que uma nova empresa aparece no mercado: as "Frontier Firms".

"Frontier Firms": as empresas que conta com líderes de ‘agentes digitais’

Para atender as demandas incontroláveis dessa era digital, o estudo da Microsoft mostra que o conceito de "Frontier Firms" está ganhando espaço no mercado de trabalho global. O termo traduzido significa "Empresas de Fronteira"que significa empresas estruturadas com inteligência artificial sob demanda, times compostos por humanos e agentes digitais, e um novo papel para cada trabalhador: o de “agent boss”, ou chefe de agentes.

“Em vez de gerenciar apenas pessoas, esses líderes coordenam equipes compostas por humanos e agentes de IA, que juntos operam com agilidade e eficiência para alcançar resultados mais rápidos e impactantes”, afirma Tartuci.

Para Michelle Schneider, futurista brasileira e professora convidada da Singularity University, universidade localizada no Vale do Silício (EUA), o estudo da Microsoft acerta ao dizer que entramos numa nova fronteira, mas talvez ainda subestime a profundidade desse salto.

"Não é só uma nova era - é uma nova lógica. E, como toda mudança de lógica, exige muito mais do que adaptação - exige reinvenção", diz a futurista que é autora do livro "O Profissional do Futuro: Como se preparar para o mercado de trabalho na era da IA". 

A especialista também reforça que a habilidade de liderar times compostos por humanos e agentes digitais será, em breve, um desses diferenciais competitivos do mercado.

“Quem não aprender a usar IA para ampliar seu impacto pode ficar para trás”, diz Schneider. "Como lembrou Marc Benioff, CEO da Salesforce, em Davos, ‘somos a última geração de líderes que comandou forças de trabalho só de humanos.’ A partir daqui a liderança passa a orquestrar pessoas e agentes de IA", afirma a futurista.

Assim como o vírus de uma vacina neutraliza o próprio vírus, a IA aparece hoje no mercado como uma solução que pode ajudar a filtrar e moderar o uso excessivo da tecnologia, nos permitindo 'desconectar' de maneira saudável após o expediente.

Em vez de acelerar um sistema sobrecarregado de informações, a IA pode ser usada para automatizar tarefas repetitivas e de baixo valor, permitindo que os profissionais tenham tempo para se concentrem em atividades mais estratégicas e criativas, e na própria vida além do trabalho”, afirma Tartucci.

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