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Filho de um educador, ele criou uma das maiores escolas do mundo: ‘Educação deve gerar impacto’

Por trás da Saint Paul, uma escola de negócios reconhecida internacionalmente, está a trajetória de um empreendedor que começou ainda adolescente

 (Leandro Fonseca /Exame)

(Leandro Fonseca /Exame)

Guilherme Santiago
Guilherme Santiago

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Publicado em 9 de junho de 2025 às 15h22.

José Cláudio Securato cresceu dentro do ambiente da educação executiva. Seu pai, José Roberto Securato, foi um dos principais nomes da área no Brasil: participou da fundação do Ibmec, liderou a criação da área de educação da FIA (escola ligada à USP) e foi um dos responsáveis por introduzir o conceito de MBA no país. Mais do que inspiração, sua presença foi orientação prática e apoio direto.

Com essa base, seguir o caminho da educação parecia natural. Securato formou-se em Direito e Economia pela PUC-SP, fez MBA e doutorado na FEA-USP, teve passagem pelo mercado financeiro e trabalhou na própria FIA. Mas, em vez de apenas dar continuidade ao legado do pai, optou por desenvolver um projeto próprio

Em 2002, fundou a Saint Paul Escola de Negócios, aos 24 anos, com um cheque dado pelo pai, mas com uma estratégia própria. O foco inicial era ofertar cursos livres de curta duração para jovens profissionais com um corpo docente experiente e conteúdo técnico. Aos poucos, a escola cresceu com consistência. 

Em 2011, entrou para o ranking Financial Times, entre as melhores escolas de educação executiva do mundo. Além disso, foi eleita, por 11 anos consecutivos, “Top of Mind de RH” – um prêmio que mede a marca mais lembrada e valorizada por mais de 10 mil líderes de recursos humanos em todo o país.

Empreendedor desde cedo

Mas o espírito empreendedor nasceu muito antes da Saint Paul. Aos 14 anos, José Cláudio já administrava uma carteira de linhas telefônicas alugadas. Fazer isso, tão jovem, exigia controle de receitas, pagamentos e, é claro, contato com clientes. 

A tarefa, inicialmente proposta pelo pai como aprendizado, logo se transformou em um pequeno negócio: ele descobriu que podia solicitar novas linhas à operadora e ampliar a operação. O lucro veio cedo – e, com ele, a sensação de independência.

"Meu pai me disse que eu iria administrar essas linhas telefônicas e com o dinheiro fruto dessa receita eu pagaria minhas contas e ficaria com o que sobrar”, lembra. 

Mas o excesso de autonomia teve um custo. O entusiasmo com o dinheiro e a liberdade desviou o foco dos estudos. Com notas baixas e disciplina comprometida, Securato foi reprovado e acabou expulso da escola. E isso o levou a uma reavaliação. Retomou os estudos, conciliou cursinho com a escola e ingressou na faculdade. Foi ali que o espírito empreendedor reapareceu.

Securato fundou uma incubadora de sites, incluindo o religiãocatólica.com, um dos primeiros portais religiosos com e-commerce do Brasil. O projeto foi inovador, mas não se sustentou. “Um sucesso no conceito, mas um fracasso como negócio”, avalia.

O nascimento de uma escola

A ideia de criar uma nova escola de negócios surgiu quando Securato trabalhava na FIA com seu pai – e começou a questionar processos. Até que ouviu, em casa, uma provocação do pai: “Se você tem tanta certeza do que fala, por que não monta a sua própria escola?”.

Com um cheque em mãos e autonomia total, Securato deu início à Saint Paul em 2002. Seu objetivo era aprimorar o modelo (existente herdado do pai) de maneira leve, técnica e focada na prática. Escolheu começar pelos cursos livres – formações curtas, fora da regulação universitária, voltadas a jovens profissionais que buscavam capacitação.

Nos primeiros anos, a operação foi enxuta e o crescimento gradual. A aposta era formar turmas pequenas, com conteúdo denso, ministrado por professores com forte titulação acadêmica e bagagem de mercado. Em vez de investir em marketing institucional, a escola apostou no boca a boca e nos resultados dos alunos. Com o tempo, o reconhecimento veio – e os desafios também.

Inovação com propósito

Com o crescimento da escola, foi preciso ampliar o impacto da educação. Em 2017, Securato liderou o lançamento do LIT, primeira plataforma brasileira de educação por assinatura. Com tecnologia própria e uso intensivo de dados, o LIT personaliza a jornada de aprendizado e antecipa comportamentos com inteligência artificial.

O projeto foi pioneiro. Recebeu prêmios de inovação da McKinsey e da IT Mídia e posicionou a Saint Paul como uma referência em edtech na América Latina.

"Como plataforma, o LIT ainda é referência. Várias plataformas vieram, várias desapareceram, e o LIT continua como a plataforma mais sofisticada”, explica.

Escala com consistência

Em 2025, a Saint Paul passou a integrar a EXAME Educação. 

A movimentação uniu dois ativos complementares: de um lado, a profundidade acadêmica e o reconhecimento da Saint Paul no ensino executivo; do outro, a audiência massiva e a força de distribuição da marca EXAME. 

A partir dessa integração, José Cláudio Securato assumiu a liderança da nova operação, com um desafio claro: escalar o impacto educacional sem comprometer a densidade dos conteúdos e a qualidade da entrega.

"A EXAME trouxe o alcance. A Saint Paul trouxe a profundidade. É assim que se constroi relevância em escala"José Cláudio Securato, CEO da EXAME Educação

A nova estrutura consolidou uma plataforma multiformato, que combina formações de alto nível para conselheiros e executivos, programas digitais voltados à média gestão e soluções corporativas sob medida. 

Com mais de 500 mil alunos formados e presença recorrente nos principais rankings internacionais, a EXAME Educação e a Saint Paul se consolidaram como um dos principais polos de desenvolvimento executivo da América Latina. Os programas de MBA, por exemplo, foram reconhecidos pela revista AméricaEconomía entre os melhores do país.

Para Securato, o objetivo segue o mesmo: continuar fazendo a diferença no mundo. “Se a sua escola deixar de existir e nada mudar no mundo, então ela não cumpriu seu papel. Educação precisa gerar impacto real”, diz ele.

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