Especialista em robótica: uma das profissões em alta com a busca das empresas por mais digitalização (Monty Rakusen/Getty Images)
Repórter
Publicado em 3 de agosto de 2025 às 11h36.
Um estudo da Microsoft revelou que profissões que dependem fortemente do uso da linguagem, produção de conteúdo, áreas de computação, matemática, comunicação ou execução de tarefas repetitivas baseadas em informações têm maior probabilidade de serem impactadas por modelos de linguagem de inteligência artificial (IA).
Por outro lado, ocupações que exigem trabalho manual, operação de máquinas ou atividades predominantemente físicas apresentam potencial de impacto significativamente menor.
A pesquisa, intitulada “Working with AI: Measuring the Occupational Implications of Generative AI” (“Trabalhando com IA: medindo as implicações ocupacionais da inteligência artificial generativa”, em tradução livre), foi publicada em 22 de julho como pré-print, ou seja, ainda sem revisão por outros especialistas. O estudo teve como foco o mercado de trabalho dos Estados Unidos.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores analisaram 200 mil conversas anônimas de usuários com o Copilot, assistente de IA da Microsoft. O objetivo foi identificar as tarefas mais solicitadas à tecnologia, avaliar seu desempenho nessas atividades e medir a parcela do trabalho que pode ser executada com sua ajuda.
O levantamento utilizou como base o O*NET, banco de dados nacional que define a estrutura e o escopo das ocupações nos Estados Unidos, para entender a relevância de cada tarefa em diferentes profissões. A partir daí, foi criado um “índice de aplicabilidade da IA”, que indica o grau de possibilidade de automatização de cada atividade profissional.
Entre as ocupações mais suscetíveis ao uso de inteligência artificial estão intérpretes e tradutores, historiadores, comissários de bordo, representantes de vendas, redatores e autores, atendentes de suporte ao cliente, operadores de telefonia, agentes de viagens, locutores e radialistas, revisores e editores de texto, cientistas políticos, repórteres e jornalistas, matemáticos, redatores técnicos, professores universitários de negócios, especialistas em relações públicas, cientistas de dados, consultores financeiros pessoais, desenvolvedores web, analistas de gestão e professores de Economia.
A lista completa também inclui profissionais de telemarketing, concierges, educadores em gestão agrícola e doméstica, agentes de vendas de publicidade, analistas de pesquisa de mercado, operadores de telecomunicações de segurança pública, telefonistas e professores de biblioteconomia, entre outros.
Já as ocupações menos suscetíveis ao uso de inteligência artificial incluem operadores de draga, de estações de tratamento de água e de equipamentos florestais, fundidores e moldadores, trabalhadores de manutenção rodoviária, auxiliares de enfermagem hospitalar, telhadistas, lavadores de louça, ajudantes de produção, técnicos em oftalmologia, assistentes cirúrgicos, massagistas, operadores de máquinas de pavimentação e empilhadeiras, engenheiros navais, cirurgiões bucomaxilofaciais e prostodontistas (dentistas especializados em próteses dentárias).
Também aparecem funções como empregadas domésticas, faxineiras, ajudantes de pintores e encanadores, embaladores, operadores de plantas industriais e trabalhadores envolvidos na remoção de materiais perigosos.
Os autores do estudo destacam que, mesmo quando a inteligência artificial é capaz de executar muitas tarefas de uma profissão, isso não significa que o trabalho humano será totalmente substituído. Na maior parte dos casos, a tecnologia tende a atuar como ferramenta de apoio.
Os resultados da Microsoft vão ao encontro de levantamentos de outras entidades sobre o impacto da IA no mercado de trabalho. Um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisa da Polônia (NASK), aponta que um em cada quatro empregos no mundo pode ser transformado pela inteligência artificial generativa.
A Organização das Nações Unidas (ONU) também alertou recentemente que quase metade dos empregos no planeta poderia ser afetada pela tecnologia.