Mônica Hauck, presidente da Sólides: “Como líderes, nós temos o poder de transformar trajetórias. A liderança é honra, responsabilidade e legado” (Monica-Hauck/Divulgação)
Repórter
Publicado em 3 de setembro de 2025 às 06h03.
“Liderar exige sacrifício, coragem e, sobretudo, consciência do impacto que temos sobre a vida das pessoas”, afirma Mônica Hauck, cofundadora e CEO da Sólides, líder em tecnologia para gestão de pessoas em pequenas e médias empresas, durante o evento “Leader Shift”, promovido pela Sólides nesta semana, em Belo Horizonte.
Sob sua gestão, a companhia recebeu o maior aporte já feito em uma HRtech da América Latina - R$ 530 milhões - e adquiriu empresas como a Tangerino e a RH Gestor, expandindo sua atuação e acelerando o crescimento.
Os avanços da Sólides se refletem nos resultados do último ano. A companhia cresceu 65%, acima da média do setor, segundo a CEO, impulsionada por uma estratégia que prioriza os pequenos negócios — donos de padarias, farmácias ou comércios que muitas vezes não têm sequer um RH estruturado.
“O Brasil é um país de pequenas e médias empresas. De cada dez contratações, quase oito acontecem nesse segmento. Nosso papel é dar tecnologia e inteligência a quem sustenta a economia real”, diz Hauck.Leia também: Pequenas empresas, grandes tarifas: como as PMEs estão se reinventando com o tarifaço
O movimento mais recente da companhia foi o lançamento do Sólides Start, uma ferramenta de gestão de pessoas baseada em inteligência artificial e integrada ao WhatsApp. Pelo aplicativo, o empreendedor pode realizar processos seletivos, controlar ponto e organizar rotinas de RH.
“Queremos levar soluções simples e intuitivas a milhões de empreendedores que até hoje não tinham acesso a uma gestão eficiente de pessoas”, afirma a CEO que aposta nesta tecnologia para crescer na mesma proporção este ano.
Durante o evento, Hauck destacou que ser líder vai muito além de promoções ou cargos hierárquicos.
“Quantos profissionais brilhantes viram líderes medíocres ao se afastarem da própria vocação?”, diz Hauck para os mais de 1.500 líderes que participavam do evento.
Para ela, liderança é uma escolha consciente — com custos, privilégios – e prioridades.
“Nenhum sucesso vale um fracasso pessoal. É possível construir uma carreira e, ao mesmo tempo, preservar a família, os valores e aquilo que realmente importa.”
Entre suas principais lições, ela ressalta:
Se por um lado Hauck cita grandes referências empresariais, como a Luiza Trajano, do Magalu, ela não esconde quem mais a inspira: o empreendedor brasileiro anônimo.
“Eles fazem muito com muito pouco. Em ambientes hostis, sem recursos, encontram formas criativas de sustentar negócios e gerar impacto. Esses líderes são heróis e precisam ser honrados e respeitados”, afirma a CEO.
Leia também: 'Não vamos mais usar o dólar em nossos negócios com a China', diz CEO da Chilli Beans
Ao refletir sobre sua própria trajetória, Hauck lembra que a liderança começa em casa.
“Eu comecei a me tornar CEO quando vi meu pai acordando todos os dias, se sacrificando, mas nunca reclamando. Ele me ensinou que trabalhar é algo digno e que vale a pena se esforçar para crescer”, diz a CEO que tem uma filha que decidiu empreender ao ver o seu exemplo.
“Eu comecei a empresa junto com o meu marido sem nenhuma estrutura para deixar os nossos dois filhos em casa. Muitas vezes levava eles comigo para uma reunião”, diz Hauck.
Para ela, impactar positivamente vidas, dentro e fora das empresas, é o verdadeiro papel do líder.
“Como líderes, nós temos o poder de transformar trajetórias. A liderança é honra, responsabilidade e legado.”