A Geração Z está transformando a cultura corporativa, colocando a saúde mental no centro das discussões (sorbetto/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 1 de julho de 2025 às 10h47.
Última atualização em 1 de julho de 2025 às 11h34.
A geração Z está trazendo para o centro da mesa um tema que, durante anos, foi tratado como secundário no ambiente corporativo: saúde mental. E o mais interessante? Eles não vêem isso como um benefício, eles enxergam como uma necessidade básica.
Para eles, não basta um bom salário e um cargo promissor.
É preciso que o ambiente de trabalho respeite, promova e cuide da saúde emocional de seus funcionários.
A Gen Z cresceu em um cenário onde saúde mental se tornou pauta pública. Entre redes sociais, discussões abertas sobre ansiedade, burnout e depressão, essa geração aprendeu a identificar sinais de esgotamento emocional desde cedo. E quando entram no mercado de trabalho, trazem essa bagagem consigo.
Eu abri o meu TikTok e digitei “Saúde Mental”.
Existem mais de 1 milhão de posts sobre o tema.
Isso é geração Z!
Segundo a pesquisa da Deloitte de 2025, cerca de 40% dos jovens da geração Z relatam sentir-se estressados ou ansiosos a maior parte do tempo. Além disso, 89% consideram que ter um propósito no trabalho é fundamental para sua satisfação e bem-estar.
Além disso, o conceito de saúde mental para eles vai além do básico. Estamos falando de ambientes colaborativos, apoio psicológico acessível, flexibilidade de horários para equilibrar estudos e trabalho, e principalmente, abertura para falar sobre o que sentem sem medo de julgamentos.
Às vezes o gestor esquece que o estagiário ainda tem faculdade, precisa ir à aula e tem semana de provas.
Algumas empresas já estão se movimentando para atender a essas novas expectativas. E aqui não falo apenas de startups, mas também de grandes corporações que entenderam que cuidar da saúde mental é cuidar de performance e retenção de talentos.
Práticas que estão se destacando:
Conversei com a Renata Filardi e a Amanda Saconato para trazer a prática pra vocês:
“Na FQM, promovemos o bem-estar dos funcionários com base em quatro pilares: corpo, mente, relações e bolso. Acreditamos que a saúde mental e o equilíbrio só são possíveis quando todos esses aspectos estão integrados. Para isso, oferecemos programas estruturados como o ‘Conte Comigo’, com apoio psicológico, financeiro, jurídico e social contínuo, subsídio para atividades físicas, iniciativas de educação financeira, além de ações que estimulam o desenvolvimento profissional com protagonismo.
Valorizamos também o relacionamento interpessoal e promovemos eventos internos, como a tradicional festa junina, que fortalecem os laços entre as equipes e contribuem para um ambiente de trabalho mais colaborativo, saudável e motivador”, me disse a Renata Filardi, diretora de RH da FQM.
Já a Amanda Saconato, sócia-diretora da Kienbaum SP na área de Diagnostics e Development, me disse, “Depois de dez anos orquestrando projetos de desenvolvimento de líderes/executivos avaliados pelo Competence Check – o assessment de potencial da Kienbaum –, vejo um fio-condutor inequívoco: líderes que sustentam alta performance preservam a própria saúde física e emocional e modelam esse comportamento para suas equipes. Em cada feedback executivo, fica claro que quem ignora esse pilar perde foco decisório, fragmenta a colaboração e erode a confiança.
A geração Z, nativa de conversas sobre ansiedade e propósito, capta isso de imediato, só permanece onde o bem-estar é tratado como infraestrutura corporativa, não como brinde de RH”.
Não adianta só oferecer benefícios. A liderança tem um papel fundamental em criar um ambiente seguro e acolhedor. Os gestores precisam estar atentos a sinais de desgaste e promover uma cultura de abertura para o diálogo.
O apoio dos empregadores à saúde mental faz uma diferença positiva no bem-estar, assim como a estabilidade financeira e o trabalho significativo.
Não tem jeito, é extremamente necessário CUIDAR DE PESSOAS. E sempre foi assim, a questão é que a minha geração deixou isso mais vivo do que nunca.
A geração Z não está pedindo menos trabalho, mas está exigindo mais qualidade de vida. E as empresas que não se adaptarem a essa realidade estarão fora do jogo em poucos anos.
Criar ambientes seguros, colaborativos e emocionalmente saudáveis não é mais um diferencial, é uma necessidade para reter talentos e construir times de alta performance.
Se queremos que a geração Z fique, precisamos cuidar do ambiente para que eles floresçam.