Bruno Papa Schneider e o filho Miguel Schneider aproveitando o benefício da viagem da empresa Heach - no Chile (Arquivo pessoal /Divulgação)
Repórter
Publicado em 10 de agosto de 2025 às 07h57.
Levar o filho ao médico ou buscá-lo na escola ainda continua sendo desafios para muitos profissionais que precisam bater o ponto. Um levantamento divulgado neste mês pelo Infojobs, em parceria com Richard Uchoa, mostra que 46% dos profissionais que são pais disseram que suas empresas não oferecem políticas de apoio à paternidade.
A pesquisa, que ouviu mais de 400 profissionais de todo o país este ano, mostra dados sobre os efeitos da paternidade na carreira e os obstáculos que ainda precisam ser superados para garantir o apoio necessário aos pais no ambiente de trabalho.
Abaixo, veja mais dados do estudo:
Para apoiar os pais a equilibrar a vida profissional e familiar, muitas empresas têm adotado iniciativas como licença-paternidade estendida e benefícios inovadores, como viagens internacionais e home office por até um ano. Veja algumas dessas iniciativas.
A Heach, empresa especializada em gestão de recursos humanos e soluções corporativas, vai além da licença-paternidade padrão. A empresa concede uma viagem anual para um país da América do Sul, contemplando o funcionário, seu cônjuge e um filho.
O beneficiário pode optar por complementar os custos caso queira incluir mais filhos ou converter o benefício em uma viagem de menor custo para toda a família. Realizada, preferencialmente, no período de férias e com duração de até uma semana, essa iniciativa busca proporcionar um momento de lazer diferenciado, fortalecendo os vínculos familiares e valorizando a qualidade de vida dos funcionários.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, responsável por viabilizar a compra e venda de energia no país, tem, além da licença parental ampliada de 180 dias para a mãe ou primeiro cuidador, e 20 dias para o pai ou segundo cuidador, o modelo de trabalho 100% remoto para o primeiro e o segundo cuidador de bebês de até um ano, bem como para responsáveis por crianças com deficiência, independentemente da idade, promovendo mais flexibilidade em momentos essenciais da vida familiar.
A Nestlé, além de ter licença de parentalidade estendida de 30 dias (para pais) e 180 dias (para mães), ela oferece o "auxílio lactente", fornecendo gratuitamente produtos como substituto ou complemento do leite materno mediante prescrição pediátrica, sendo válido até a criança completar um ano de idade. Outro benefício da companhia é a o fornecimento da "Materna", suplementação de vitaminas e minerais para funcionárias ou para cônjuges/companheiras gestantes durante o período da gestação.
Atualmente, a licença paternidade é de cinco dias, mas diversos projetos no Congresso propõem aumentar esse período para 15, 20 ou até 60 dias. A Câmara dos Deputados já pode aprovar o projeto de Lei (PL 3935/08), que prevê o aumento para 15 dias, abrangendo tanto pais biológicos quanto adotivos, e garantindo estabilidade no emprego por 30 dias após o término da licença. Segundo as últimas informações oficiais, o STF estabeleceu um prazo até outubro de 2025 para que o Legislativo aprove uma nova regulamentação.
Enquanto isso, empresas têm a liberdade de estabelecer benefícios que vão além dos 5 dias. É o caso da Michelin, que ampliou a licença-paternidade permitindo que os pais possam ficar até 28 dias com as crianças, um benefício superior aos 20 dias previstos nas empresas cidadãs.
Essa medida, que passou a ser adotada desde janeiro deste ano, é pensada para acolher diferentes formas de parentalidade, como adoção, barriga solidária, guarda provisória, entre outras, reconhecendo que cada família é única.
“Acreditamos que essa ampliação do prazo de licença ajuda os pais a viverem de forma mais plena os primeiros momentos com seus filhos, fortalecendo os vínculos familiares e facilitando a adaptação à nova rotina”, diz Rafaela Senise, Vice-Presidente de RH da Michelin.
Para Paulo Castro, Business Partner Controller da Michelin, a licença-paternidade foi um dos melhores momentos da vida.
“Poder estar presente nos primeiros dias da Maitê e me preocupar apenas com o seu desenvolvimento fez toda a diferença. Também foi fundamental para apoiar a minha esposa e amadurecermos juntos. Foi um período de muito aprendizado e da descoberta do maior amor do mundo.”
A Rhodia, indústria química e têxtil centenária, pertencente ao grupo belga Solvay, também ousou na licença parental estendida: oferece aos funcionários uma licença de 16 semanas (cerca de 4 meses) para os pais, incluindo licença maternidade, paternidade e adoção, independentemente do gênero ou orientação sexual do empregado. Essa política é aplicada globalmente pela Solvay desde janeiro de 2021.
A Caju, empresa de benefícios flexíveis, também introduziu uma licença paternidade estendida – mas no caso deles, são de 60 dias. Segundo Lucas Fernandes, Diretor Executivo de Pessoas da Caju, a medida representa um marco na experiência da paternidade.
“Esse benefício foi implementado há quase dois anos com o objetivo de permitir que os pais desempenhem um papel ativo no cuidado com o bebê. Minha esposa, por exemplo, pode se dedicar ao mestrado e ao puerpério com mais tranquilidade”, afirma Fernandes, que acaba de voltar de licença-paternidade pela primeira vez.
Para ele, a paternidade é um dos momentos mais transformadores da vida, e garantir que os pais possam viver plenamente essa experiência, sem abrir mão da carreira, é um passo fundamental para um futuro mais equilibrado e humano - seja no ambiente corporativo e em casa, com a família.
Lucas Fernandes, Diretor Executivo de Pessoas da Caju, tirou 60 dias de licença paternidade (Arquivo pessoal /Divulgação)