André Mifano: uso da técnica sous vide no restaurante Donna (Rodolfo Regini/Divulgação)
Repórter de Casual
Publicado em 23 de julho de 2025 às 16h15.
Na rotina das cozinhas profissionais, cada minuto conta na elaboração dos pratos — e cada ferramenta precisa entregar resultados impecáveis. No entanto, os mesmos equipamentos usados em restaurantes são necessários no uso doméstico? Chefs avaliam o uso de cinco gadgets que se tornaram essenciais em suas cozinhas profissionais e em casa. Confira pontos como modo de uso, valor e até substituições caseiras.
Um dos equipamentos de cozinha mais emblemáticos é a Thermomix, também conhecido como Bimby. O chef Roberto Rebaudengo, do restaurante Lido, conta que o aparelho está presente em sua vida desde criança, quando sua mãe já usava uma versão antiga, ainda na Itália. Hoje, o chef tem três unidades: uma no restaurante, outra em casa e uma “nômade”. O que encanta na Thermomix é sua versatilidade: o equipamento mistura, tritura, emulsifica, cozinha, pesa e vaporiza.
No restaurante, o gadget é usado para fazer cremes, pestos, massas e preparações que exigem atenção constante. Em casa, vira aliado para sopas, polentas e molhos rápidos no fim do dia. “Ela não substitui o trabalho de uma pessoa, mas ajuda muito”, diz Rebaudengo. Com preços que variam entre R$ 8 mil e R$ 12 mil, não é um aparelho barato, mas pode fazer sentido para quem cozinha com frequência e busca praticidade. Para quem não quer investir tanto, dá para fazer as mesmas receitas com utensílios convencionais (liquidificador, panela, fouet, balança), mas com um trabalho extra.
Chef Roberto Rebaudengo, do restaurante Lido: uso da Thermomix em casa e no restaurantes (Divulgação/Divulgação)
Outra estrela das cozinhas profissionais é o termo circulador, que usa a técnica sous vide — em que o alimento é embalado a vácuo e cozido em água a uma temperatura controlada e constante. O chef André Mifano, do restaurante Donna, explica que a grande revolução do sous vide é a uniformidade do preparo: como o calor ao redor do alimento permanece estável por horas, o cozimento fica de forma homogênea, respeitando a estrutura de cada ingrediente.
Um exemplo de prato que pode ser feito no aparelho é o ossobuco que, quando feito na panela comum, pode ficar desigual, com partes secas e outras suculentas. Já o cozimento em sous vide, a carne é cozida por 24 horas a 73 °C, atingindo a textura ideal em toda a peça.
Para Mifano, não há alternativa caseira que entregue esse mesmo controle de temperatura. “O calor de uma panela sempre vem de baixo. Já o sous vide envolve completamente o alimento”. Há modelos domésticos a partir de R$ 600, acessíveis para quem quer explorar a técnica com mais regularidade.
Na coquetelaria, o gaseificador é uma ferramenta importante. O equipamento injeta gás carbônico (ou outros gases) em líquidos e preparações, útil para bebidas artesanais, caldos, espumas e molhos com efervescência. Ale D’Agostino, do bar Guilhotina, destaca a praticidade e padronização que o equipamento traz ao serviço de bar. Ele usa o modelo da Preshh, disponível apenas por aluguel. Uma alternativa para uso em casa é o sifão com cápsulas de CO₂, com valor a partir de R$ 300.
Guilhotina Bar: o gaseificador é uma ferramenta importante na elaboração dos drinques (Felipe Arcas/Divulgação)
Nas padarias, um dos avanços mais significativos é o chamado padeiro noturno, uma câmara de fermentação automatizada que controla temperatura e umidade durante todo o processo de fermentação do pão. Segundo Léo Paiva, sócio da Forneria e Cia, o sistema permite que o padeiro chegue pela manhã e já encontre a massa pronta para assar, eliminando a necessidade de trabalhar de madrugada. “A máquina imita o cuidado que as nossas avós tinham ao controlar a temperatura com pano úmido, mas de forma muito mais precisa e eficiente. Às cinco horas da manhã, a fermentadora esquenta, ajusta a umidade e o forno liga sozinho. É tudo automatizado.” Embora o custo seja alto (e sob consulta), o equipamento é ideal para quem produz em larga escala. Em casa, o processo exige mais atenção: controlar a temperatura, cobrir a massa, usar o forno desligado com a luz acesa, entre outros truques, todos eficazes, mas menos precisos.
Por fim, a desidratadora tem ganhado espaço tanto em restaurantes quanto em bares. O equipamento remove a umidade dos alimentos em baixa temperatura, preservando cor, sabor e textura. O chef Martin Casilli, do Sky Hall, conta que usa o equipamento para fazer couve kale crocante, rosas desidratadas e outras finalizações delicadas. “Ela permite uma nova textura sem interferir no sabor. Fritar altera o gosto; desidratar preserva.” Em casa, o forno elétrico pode cumprir essa função se for usado na menor temperatura possível e com a porta entreaberta. Outra opção é a air fryer, desde que o alimento seja pressionado com um peso leve para não voar. Mesmo assim, os modelos de desidratadora doméstica, hoje com preços a partir de R$ 300, já se tornaram acessíveis e eficientes para quem gosta de snacks, chips de frutas ou quer explorar novos usos criativos.