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Centenária e europeia: a marca de bolsas de luxo que desafia a Hermès

A Delvaux foi a primeira marca a registrar uma patente oficial para uma bolsa de couro, se autodenominando a inventora da bolsa de luxo moderna

Delvaux: marca fundada em 1829 em Bruxelas foi a primeira a registrar uma patente oficial para uma bolsa de couro (Getty images/Getty Images)

Delvaux: marca fundada em 1829 em Bruxelas foi a primeira a registrar uma patente oficial para uma bolsa de couro (Getty images/Getty Images)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 14 de julho de 2025 às 14h52.

Última atualização em 14 de julho de 2025 às 15h48.

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Algumas marcas não precisam de grandes apresentações para serem reconhecidas. Hermès, Louis Vuitton e Chanel são centenárias europeias que possuem apelo suficiente para gerarem desejo aos consumidores. No entanto, nomes até então mais tímidos, mas com características de manufatura tão representativos quanto as já citadas, têm crescido no mercado. É o caso da belga Delvaux, adquirida pela Richemont em 2021.

Um dos grandes responsáveis pela difusão da marca e crescimento em vendas é o TikTok. Na rede social chinesa há diversas postagens sobre as bolsas de couro de luxo da marca centenária.

"Como a mais antiga marca de bolsas do mundo, somos por natureza pioneiros. Não basta falar sobre herança; é preciso enriquecê-la", disse o CEO Jean-Marc Loubier ao Business of Fashion sobre a empresa fundada em 1829 em Bruxelas. Já foram catalogados mais de três mil designs desde 1908.

No mesmo ano, a Delvaux foi a primeira a registrar uma patente oficial para uma bolsa de couro, se autodenominando a inventora da bolsa de luxo moderna.

Assim como a Hermès, as peças são produzidas manualmente, por artesãos e localmente, na Bélgica e na França. Atualmente são 61 lojas pelo mundo, cada qual com um design diferente.

A marca oferece serviços personalizados, com consultas exclusivas com consultores especialistas, tanto online quanto nas lojas, consultorias de estilo e personalização das peças.

Ainda que seja centenária, a divulgação da Delvaux não é tradicional. Longe de anúncios de revistas, a empresa procura aumentar sua visibilidade e base de clientes através de celebridades, com maior sucesso no caso de estrelas pop coreanas como Jihyo ou V-Style do BTS, que costumam usar os acessórios da marca.

Quatro anos após ser adquirida pelo grupo suíço Richemont, a Delvaux ainda é uma marca nicho, com coleção atemporais como The Brillant (1958), The Tempête (1967), The Pin (1972), The Cool Box (2018) e a mais recente The Lingot (2022).

No entanto, ainda que com características similares à Hermès, as bolsas da Delvaux custam uma fatia do valor da marca francesa, que recentemente leiloou o modelo Birkin original por mais de 8 milhões de euros. As peças da Delvaux custam a partir de 1.900 euros (12.345 reais) e chegam até 15.900 euros (103.314 reais).

Delvaux: marca fundada em 1829 em Bruxelas foi a primeira a registrar uma patente oficial para uma bolsa de couro (Getty Images/Getty Images)

Mercado em restauração

O mercado de acessórios de couro tem se adaptado. A Louis Vuitton, pertencente ao conglomerado de luxo francês LVMH, passou a grande parte de sua produção da França para os Estados Unidos. A fábrica, localizada no Texas, enfrentou problemas como a falta de trabalhadores qualificados em couro capazes de produzir com os padrões de qualidade da marca, segundo a Reuters.

Segundo a agência de notícias, erros de produção levaram ao desperdício de até 40% das peles de couro. Em comparação com outras marcas, a taxa de desperdício de produtos de couro fica em torno dos 20%. Tais desperdícios influenciam no valor final dos produtos, os encarecendo.

Mesmo com erros de costura, os itens são vendidos por cerca de US$ 1,5 mil a US$ 3 mil.

Já os produtos da concorrente Hermès são tratados de outra forma.

O fato de os compradores mais fiéis da Hermès não poderem escolher o modelo exato da Birkin que desejam, gerou mais desejo pela bolsa. Para contornar isso, os entusiastas desembolsam dezenas de milhares de dólares no mercado de revenda.

No entanto, quem não pode pagar pelo preço cheio vai atrás das peças de segunda mão. Desde 2023, o mercado de produtos de luxo usados cresceu mais de 20% , segundo a consultoria Zhiyan. Mas esse aumento também ampliou a oferta e forçou descontos maiores do que o habitual.

Antes, lojas aplicavam promoções de 30% a 40%. Agora, segundo a Reuters, é comum encontrar produtos com até 90% de desconto. Na China, na  Super Zhuanzhuan, uma bolsa Coach que custava 3.260 yuans (2.534 reais) pode ser comprada por 219 yuans (170 reais). No setor de joias, um colar da Givenchy de 2.200 yuans está saindo por 1.700 reais.

Lisa Zhang, da Daxue Consulting, afirma que muitos consumidores de marcas de luxo migraram para o mercado de usados. “Os vendedores estão oferecendo mais descontos porque a concorrência cresceu”, disse à Reuters.

"O valor de revenda das bolsas Birkin e Kelly nos últimos dez anos ultrapassou o do ouro", disse James Firestein, fundador da plataforma de revenda e autenticação de luxo OpenLuxury, à Fortune.

"Conheço vários casos em que as pessoas dobraram seu dinheiro com base na compra de um produto há dez anos e o revenderam hoje em condições impecáveis", disse ele.

Para alguns compradores, uma bolsa Birkin não é um acessório de alta qualidade, mas um investimento que vale a pena. Dos proprietários de Birkin com quem ele trabalhou, Firestein estima que 75% usam realmente as bolsas, enquanto os 25% restantes guardam o item como investimento.

"É semelhante a comprar um Picasso e guardá-lo em sua casa, porque você pode olhar para ele, pode apreciá-lo", disse Firestein. No entanto, a descoberta dos consumidores por marcas de nicho, com alta qualidade e preços atrativos, como a Delvaux, pode mudar o mercado, uma bolsa por vez.

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