Nike: Project Amplify conta com motor para proporcionar maior desempenho na corrida (Nike /Reprodução)
Redatora
Publicado em 18 de novembro de 2025 às 06h34.
Quando Elliott Hill assumiu o cargo de CEO da Nike, em 2024, apostou suas fichas no plano “Win Now (Vença Agora)" buscando fortalecer as vendas no varejo e acelerar os resultados de curto prazo. Para isso, deixou de lado o lifestyle e voltou o foco da marca para os esportes — estratégia que resultou em US$ 11,7 bilhões em faturamento no primeiro trimestre do ano fiscal de 2026 (1% de aumento em comparação ao último ano).
Neste ano, a gigante esportiva investiu em novas soluções de performance, sem economizar nas propostas futuristas que prometem atender e aprimorar o desempenho de atletas de alto nível em esportes competitivos como a corrida.
Em agosto, a empresa anunciou a Nike Radical AirFlow como nova inovação para resfriamento do corpo durante provas de curta e longa duração. A camiseta de manga longa com canais de ar segue o Efeito Venturi (a passagem de ar por canais estreitos gera velocidade e cria uma corrente que aumenta a circulação e a sensação de frescor).
Eliud Kipchoge, atleta renomado da corrida de rua, já testou a peça durante a Maratona de Nova York, ficando na 17ª posição do masculino.
Eliud Kipchoge: corredor do Quênia cruza a linha de chegada na Maratona de Nova York vestindo peça da Nike (Ishika Samant /Getty Images)
A companhia também desenvolveu a Aero-Fit, tecnologia voltada a aprimorar o fluxo de ventilação e o conforto térmico, criando um verdadeiro “ar-condicionado” no vestuário esportivo. Mesmo surpreendentes, essas não foram as criações mais ousadas da marca. Em outubro, a gigante esportiva deu mais um passo ao anunciar o Project Amplify, tênis motorizado criado em parceria com a Dephy, empresa conhecida por calçados robóticos.
Referência nos chamados “supertênis”, a Nike apresentou o protótipo que conta com motor instalado no calcanhar, corrente de transmissão e baterias acopladas à panturrilha — tudo isso aliado a uma placa de carbono, que impulsiona a passada durante as provas e reduz o esforço físico. A novidade, ainda em fase de testes, deve ter lançamento oficial apenas em 2028.
Completando as propostas futuristas da marca norte-americana, a linha Mind, também apresentada no segundo semestre do ano, foi desenvolvida com base em estudos de neurociência. Os modelos Mind 001 Mule e Mind 002 Sneaker prometem ativar áreas sensoriais do cérebro por meio de mecanorreceptores presentes nas plantas dos pés. O primeiro foca no amortecimento pré e pós-treino, enquanto o segundo garante maior estabilidade e controle durante a movimentação.
Mesmo com o novo ano fiscal trazendo leve alívio em crescimento de receita, a Nike ainda precisa de resultados mais expressivos para retomar o patamar financeiro que ocupou durante anos. O quarto trimestre fiscal de 2025, divulgado em junho, mostrou uma queda de 12% nas vendas em relação ao ano anterior (US$ 11,1 bilhões em 2025 contra US$ 12,61 bilhões em 2024).
O lucro líquido de US$ 211 milhões no quarto trimestre de 2025 também ficou abaixo do esperado, não superando os US$ 1,5 bilhão registrados em 2024. Além das novas linhas lançadas, a Nike implementou um corte de 1% na força de trabalho para reestruturação, sem divulgar o número de funcionários atingidos. Excesso de estoques, liquidações e custos elevados de importação estão entre os principais fatores para a queda financeira da gigante esportiva.
Para alavancar as vendas, a empresa reforça agora sua presença em mercados-chave como China e América Latina, além de apostar em produtos de alta tecnologia como forma de driblar a concorrência e reacender o desejo dos consumidores.